Jornal Estado de Minas

Delator entrega contas no exterior

São Paulo e Curitiba – O lobista Mário Góes, um dos delatores da Operação Lava-Jato, entregou à Justiça Federal documentos que podem corroborar as declarações feitas em seu acordo de delação premiada. Mário Góes é apontado como operador de propinas na Diretoria de Serviços da Petrobras, cota do PT na estatal.

O executivo anexou aos autos do processo que responde por corrupção e lavagem de dinheiro o cartão de abertura da offshore Maranelle Investments S.A., titular da conta Maranelle Investments S.A. mantida junto da Lombard Odier, Suíça. Ele também entregou à Lava-Jato detalhamento de movimentação da conta no período de 9 de dezembro de 2011 a 25 de novembro de 2014 e um contrato entre Zagope Angola - Construções e Engenharia S.A. e Phad Corporation.

Em julho, um laudo contábil-financeiro elaborado por peritos criminais da Polícia Federal revelou que entre 2003 e 2014 foram movimentados R$ 220 milhões, em valores brutos, em contas de Mário Góes.

Os peritos indicaram que a movimentação financeira nas contas do operador de propinas e das empresas ligadas a ele (Riomarine Oil e Gás Engenharia e Empreendimentos LTDA e Mago Consultoria S/C LTDA), se acentuou a partir do biênio 2008/2009. Investigadores da Lava-Jato suspeitam que a Riomarine é uma empresa de fachada, usada para 'esquentar' dinheiro de propina em contratos frios de consultoria.

Os novos documentos agora entregues pelo próprio Mário Góes podem ajudar os investigadores da Lava-Jato a descobrir os beneficiários de propinas e da lavagem de dinheiro desviado da Petrobras. A conta Maranelle, controlada por Mário Góes, era uma das que ele utilizava para recebimento de propinas no exterior.

Em delação premiada, o lobista confirmou que usou suas empresas, a RioMarine e a Phad Corporation, para repasse de propina e lavagem de dinheiro da empreiteira Andrade Gutierrez. Ele decidiu contar o que sabe sobre o esquema de corrupção na estatal em troca de benefícios, como redução de pena.

Mário Góes foi preso em 5 de fevereiro deste ano e teve a preventiva transformada em regime domiciliar após firmar o acordo de delação.

Em relatório de Análise de Material de Informática, subscrito por peritos da Polícia Federal em 19 de julho, aponta 'indícios de pagamento de vantagens ilícitas a Pedro Barusco (ex-gerente da Petrobras) junto a Phad Corporation pela Zagope Angola Engenharia e Construção, empresa ligada a Andrade Gutierrez'. Barusco é um dos delatores do esquema de corrupção e propina instalado na estatal e desbaratado pela força-tarefa da Lava-Jato.

.