São Paulo – Dos 14 dirigentes petistas que participaram da última reunião da Executiva Nacional do partido, terça-feira, em Brasília, apenas dois defenderam que a sigla manifestasse publicamente apoio ao ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, preso na véspera pela Operação Lava-Jato. A secretária de Relações Internacionais, Mônica Valente, e o secretário de Organização, Florisvaldo Souza. Mônica é esposa do ex-tesoureiro Delúbio Soares, condenado no mensalão. O número dimensiona o isolamento do ex-ministro dentro do partido sobre o qual teve controle absoluto por quase uma década e sepulta qualquer ambição dele de voltar à cena política.
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Irmão de José Dirceu diz em depoimento ter recebido R$ 30 mil em espécie de lobistaMoro estende por mais 5 dias a prisão de irmão de DirceuPF pede prorrogação de prisão de irmão e de braço direito de DirceuDocumentos revelam elo de cartel com Dirceu e mulher de ex-ministro do PeruPF aponta R$ 1,1 milhão de empresa de Dirceu para escritório de deputado petista"Laranja" paga casa para mãe de José Dirceu em MinasDefesa diz que Bob, braço-direito de Dirceu, 'não é um marginal'Para o PT, a diferença entre a prisão de 2013 e a da última segunda-feira é que no mensalão Dirceu era uma espécie de mártir que se sacrificou em nome de um projeto coletivo abastecido com dinheiro público para garantir o apoio ao governo Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, Dirceu é visto apenas como mais um político que usou verbas públicas para bancar uma vida luxuosa, já que, segundo as delações que o levaram de volta à cadeia, empreiteiras investigadas pela Lava-Jato pagaram aluguéis de jatinhos, reformas e compra de imóveis do ex-ministro.
A falta de apoio a Dirceu depois da segunda prisão por acusações de corrupção não se restringe ao ambiente partidário. O ex-ministro já não conta com uma estrutura profissional para defendê-lo.
Sem estrutura Ao contrário do que aconteceu na primeira prisão, em novembro de 2013, nesta segunda o ex-ministro foi para carceragem da PF, em Curitiba, sem a garantia de uma estrutura política e de comunicação para fazer sua defesa. A historiadora Maria Alice Vieira, que era responsável pela articulação política de apoios a Dirceu, foi uma das últimas funcionárias demitidas da empresa do ex-ministro, a J.D. Assessoria, no fim do ano passado. Sua rescisão trabalhista só foi paga recentemente. O assessor de imprensa foi dispensado depois da prisão na segunda-feira e o blog do ex-ministro deixou de funcionar. Alguns amigos avaliam a ideia de reativá-lo, mas relatam que estão com dificuldade de encontrar gente disposta para atuar de forma militante pela “causa”.
Dirceu também não conta mais com um grupo de militantes voluntários atuando na linha de frente em sua defesa no PT e nos movimentos sociais. Dentro da sigla, os nomes que antes o defendiam abertamente no diretório nacional hoje preferem manter distância.
Apoio às investigações
Um grupo de sete pessoas ligadas ao movimento Vem pra Rua realizou, na manhã de ontem , em São Paulo, um ato de apoio (foto) ao trabalho da Polícia Federal na condução das investigações da Operação Lava-Jato, que desmontou um esquema de corrupção na Petrobras. A manifestação ocorreu em frente ao prédio da Superintendência da PF, localizado na Zona Oeste da capital. Eles gritaram palavras em favor da atuação da Polícia Federal enquanto seguravam cartazes com mensagens endereçadas ao juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações sobre o caso envolvendo contratos da estatal. “Impeachment é justiça. Impunidade é golpe”, gritava o estudante Leandro Mohallem, de 25 anos, que carregava um cartaz com os dizeres “Je suis Moro” – referência ao mote que ficou conhecido após o ataque islâmico ao jornal francês Chalie Hebdo, em janeiro deste ano. O movimento Vem pra Rua defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff e vai participar dos protestos contra a petista marcados para 16 de agosto em todo o país..