Em meio à maior crise política dos dois mandatos, a presidente Dilma Rousseff tenta recompor a base aliada e ensaia uma reação para esta semana. A reforma ministerial está descartada para os próximos dias, segundo o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, embora interlocutores reconheçam a necessidade de fazer mudanças na Esplanada para garantir a governabilidade. A expectativa é que as alterações no primeiro escalão sejam feitas depois que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentar ao Supremo Tribunal Federal as denúncias contra políticos envolvidos na Lava-Jato. Segundo Edinho Silva, o governo reconhece a crise e aposta no diálogo para superar as dificuldades.
Leia Mais
Dilma e PT colecionam dissabores na primeira semana de agostoDilma não pensa em reforma ministerial imediata e diz estar disposta a dialogar com PDT e PTB Dilma recorre a Lula e movimentos sociais antes de protestosDilma terá pela frente mais uma semana de dificuldadesPeço que as pessoas pensem no Brasil e depois nos projetos pessoais, diz Dilma"Repudiem o vale-tudo para atingir o governo", afirma DilmaParticiparam do encontro na noite desse domingo (9), além de Edinho, o vice-presidente Michel Temer, os líderes do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), e no Congresso, José Pimentel (PT-CE) e mais 13 ministros, incluindo Aloizio Mercadante (Casa Civil), Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e José Eduardo Cardozo (Justiça).
Neste segunda-feira à noite, ocorre o primeiro dos encontros com a base aliada, a presidente se reunirá com senadores em jantar no Palácio da Alvorada, para pedir o apoio da Casa. Ao longo da semana, a presidente pretende conversar individualmente com cada um dos líderes dos partidos que declararam apoio ao governo no início do mandato, incluindo PDT e PTB, que na última semana anunciaram rompimento com o Palácio do Planalto.
O governo precisa lidar esta semana com as “pautas-bomba” em votação no Congresso, que colocam em risco o ajuste fiscal, com o esfacelamento da base aliada, o enxugamento de ministérios e as manifestações contra seu governo previstas para o próximo domingo.
Pauta-bomba
A aposta no Senado é uma tentativa de a presidente de manter-se viva na condução do país. Embora haja a permanência dos esforços para reconstruir a base na Câmara, o Planalto sabe que precisará muito dos senadores nesta fase aguda da crise. Tudo o que os deputados votam — projetos do ajuste, aumentos salariais, contas de governo e até uma possível abertura de processo de impeachment — precisa ser referendado pelos senadores.