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Em meio à maior crise política dos dois mandatos, a presidente Dilma Rousseff tenta recompor a base aliada e ensaia uma reação para esta semana. A reforma ministerial está descartada para os próximos dias, segundo o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, embora interlocutores reconheçam a necessidade de fazer mudanças na Esplanada para garantir a governabilidade. A expectativa é que as alterações no primeiro escalão sejam feitas depois que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentar ao Supremo Tribunal Federal as denúncias contra políticos envolvidos na Lava-Jato. Segundo Edinho Silva, o governo reconhece a crise e aposta no diálogo para superar as dificuldades.
As declarações foram feitas na noite desse domingo (9), pouco depois das 23h, no fim do encontro que reuniu, no Palácio da Alvorada, ministros e líderes da coordenação política do governo. A reunião, que normalmente ocorre nas manhãs de segunda-feira, foi antecipada em função da viagem que a presidente faz nesta segunda-feira a São Luís, no Maranhão — estado que lhe deu a margem mais folgada de votos na reeleição do ano passado —, para entregar novas unidades do Programa Minha Casa Minha Vida.
Participaram do encontro na noite desse domingo (9), além de Edinho, o vice-presidente Michel Temer, os líderes do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), e no Congresso, José Pimentel (PT-CE) e mais 13 ministros, incluindo Aloizio Mercadante (Casa Civil), Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e José Eduardo Cardozo (Justiça).
Neste segunda-feira à noite, ocorre o primeiro dos encontros com a base aliada, a presidente se reunirá com senadores em jantar no Palácio da Alvorada, para pedir o apoio da Casa. Ao longo da semana, a presidente pretende conversar individualmente com cada um dos líderes dos partidos que declararam apoio ao governo no início do mandato, incluindo PDT e PTB, que na última semana anunciaram rompimento com o Palácio do Planalto.
O governo precisa lidar esta semana com as “pautas-bomba” em votação no Congresso, que colocam em risco o ajuste fiscal, com o esfacelamento da base aliada, o enxugamento de ministérios e as manifestações contra seu governo previstas para o próximo domingo.
Pauta-bomba
A aposta no Senado é uma tentativa de a presidente de manter-se viva na condução do país. Embora haja a permanência dos esforços para reconstruir a base na Câmara, o Planalto sabe que precisará muito dos senadores nesta fase aguda da crise. Tudo o que os deputados votam — projetos do ajuste, aumentos salariais, contas de governo e até uma possível abertura de processo de impeachment — precisa ser referendado pelos senadores. Na noite de quinta-feira, Dilma teve uma reunião a sós com o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), para pedir ajuda.