Os delegados de Polícia Federal criticaram o ministro Nelson Barbosa (Planejamento) que, na semana passada, afirmou que ‘não se deve constitucionalizar negociações salariais de servidores’. Os delegados repudiaram as declarações do ministro. O ponto central da polêmica é a questão salarial e a PEC 443.
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STF recebe do planejamento informação sobre veto ao reajuste do judiciárioMinistro do Planejamento pede 'veto integral' a reajuste de até 78% ao JudiciárioPlanejamento acerta adiamento de projeto do reajuste do JudiciárioAo todo foram 445 votos a favor e 16 contra o texto da comissão especial que analisou a proposta. A PEC 443 vincula o salário da Advocacia-Geral da União (AGU), da carreira de Delegado da Polícia Federal, das carreiras de delegado de Polícia Civil dos Estados e do Distrito Federal e dos procuradores municipais a 90,25% do subsídio dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em nota pública, na qual repudia as declarações do ministro do Planejamento, a Associação dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) observa que a Constituição estabelece que nenhum servidor público terá subsídio superior ao de um ministro do Supremo Tribunal Federal. “Nesse contexto a PEC 443 simplesmente dispõe sobre um subteto de 90,25% para as carreiras jurídicas dos delegados, advogados e defensores públicos. Como aliás já ocorre na magistratura e no Ministério Público. Portanto, a PEC 443 tem como finalidade o fim do tratamento diferenciado entre as carreiras jurídicas de Estado.”
Os delegados federais rebatem com veemência a informação sobre o alcance do subteto para as carreiras.
“Em síntese, nenhum delegado de Polícia Federal ocupante da mais elevada classe da carreira poderá perceber subsídio superior ao subteto estabelecido. E na Polícia Federal não tem burla aos limites remuneratórios fixados na Constituição”, afirma a nota pública da entidade.
Os delegados assinalam, ainda, que ‘no tocante a suposta negociação salarial no Executivo, no dia 4 de agosto, o Ministério do Planejamento, reiterou a proposta de reajuste salarial de 21,3% em quatro anos, além de informar que não tem qualquer resposta à proposta de reestruturação da Polícia Federal’.
Para os delegados da PF ‘o tratamento dispensado pelo governo à carreira e à Polícia Federal não condiz com a relevância de ambas’. “Não havendo sentido em continuar uma negociação, sem passar pela necessária e desejada reestruturação da instituição.”
Para o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Marcos Leôncio Ribeiro, o texto ‘deixa claro não se tratar de vinculação salarial com ministros da Suprema Corte, pois além de não haver impacto imediato, a PEC 443 ainda depende de lei do Poder Executivo que a regule e discipline os limites remuneratórios estabelecidos para cada uma dessas carreiras jurídicas’.
A assessoria de Comunicação Social do Ministério do Planejamento afirmou que o ministro Nelson Barbosa não vai se manifestar novamente. "A fala anterior já apresenta sua posição sobre o tema. Qualquer debate sobre reestruturação da carreira da Polícia Federal deve partir inicialmente do Ministério da Justiça.".