Alvo de busca e apreensão na Operação Lava-Jato em julho, o ex-diretor da BR Distribuidora José Zonis encaminhou manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira, 10, na qual nega ter relação pessoal com o senador Fernando Collor (PTB-AL) ou ainda ter favorecido a empresa de Ricardo Pessoa, a UTC. Ele reconhece, no entanto, que sua indicação ao cargo foi "referendada" pelo partido do senador.
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Zelada e lobista do PMDB viram réus na Lava-Jato por corrupçãoCitados na Lava-Jato devolveram R$ 200 milhões em impostosMais 9 acusados da Lava-Jato avaliam fazer delaçãoBR alterou licitação para incluir cartel que lesou Petrobras, aponta auditoriaGerente da BR Distribuidora acusa cúpula de favorecer a UTCEm subitem da petição denominado "as mentiras do delator", os advogados de José Zonis rebatem informações prestadas pelo dono da UTC em delação premiada. Nos depoimentos, Pessoa indicou que o ex-diretor favoreceu a empreiteira em contratos para a construção de bases e terminais da BR Distribuidora. A afirmação, de acordo com a petição enviada ao STF, é "falsa e mentirosa".
Zonis, que ocupou a diretoria de Operações e Logística da BR Distribuidora, foi alvo da Operação Politeia no dia 14 de julho, primeira fase da Lava-Jato que atingiu parlamentares. Embora tenha deixado a função de direção, Zonis é funcionário de carreira e continua despachando na empresa.
"É claro que o requerente (Zonis) conheceu e interagiu com o empresário Ricardo Ribeiro Pessoa, pois isto era necessário já que este passou a ser um prestador de serviços da DIOL (Diretoria de Operações e Logística). Os contatos, entretanto, foram muito formais, com a presença sempre de vários funcionários. Nenhum encontro às escondidas", escrevem os advogados.
Em depoimento, Ricardo Pessoa narrou que entre o fim de 2011 e início de 2012, no decorrer dos contratos, Zonis "começou a criar problemas". O empreiteiro narrou que "passou a ter dificuldade em receber os pagamentos da BR Distribuidora" e que "teve a impressão de que Zonis tinha se desincompatibilizado com seus pares e padrinhos, a ponto de deixar a diretoria". Zonis também nega ter vazados "listas de empresas" que seriam escolhidas por Pessoa para "pré-seleção" das que iriam participar de licitações.
A Procuradoria-Geral da República considerou "absolutamente verossímil e provável" a possibilidade de Zonis ter recebido propina. O Ministério Público apontou que o aporte de R$ 1,040 milhão por parte do ex-diretor para um fundo de previdência privada chamou a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O funcionário da BR Distribuidora alega que o valor foi oriundo de um "resgate de uma antiga aplicação em fundo de investimento" com economias adquiridas ao longo do tempo por ele e por sua esposa.