Após as derrotas na semana passada e o descontrole do governo federal com a base na Câmara dos Deputados, o governo federal iniciou nesta terça com uma reunião de lideranças, a tentativa de amenizar a crise no Legislativo e com a mesma receita adotada no Senado Federal. Após uma reunião de três horas da qual participaram líderes da base governista, o vice-presidente e articulador político, Michel Temer e ainda os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Eliseu Padilha (Aviação Civil), o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que a base discutirá uma pauta comum com o governo, nos moldes da apresentada nessa segunda, 10, pelo presidente do Senado Renal Calheiros (PMDB-AL).
Guimarães declarou que as conversas passarão ainda por reuniões da presidente Dilma Rousseff e de Temer com bancadas e lideranças dos partidos aliados. "Michel está em perfeita sintonia com a presidente Dilma. A presidente e o vice receberão bancadas e líderes para dialogar repactuação da base", afirmou Guimarães. Ainda segundo ele, a repactuação da base passa pela conversa com o PDT e PTB, partidos que deixaram o apoio ao governo na semana passada "O governo segue tratando com PDT E PTB. A palavra de ordem é diálogo".
Indagado como o diálogo retomado com a base e o encaminhamento desse pacto seria tratado com o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na definição da pauta de votações, Guimarães afirmou que as propostas desta semana já foram definidas. "A Câmara tem uma pauta e não é a pauta do presidente Cunha. Nós vamos nos manifestar a partir da pauta", disse.
Entre os temas previstos para votação desta terça, 11, está a conclusão, em primeiro turno, da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 443, que vincula o salário da Advocacia-Geral da União (AGU), de procuradores estaduais e municipais e delegados das Polícias Civil e Federal à remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A PEC 443 é considerada uma das pautas-bomba para o governo por gerar gastos. "Vai ter manifestação sobre destaques da PEC e é importante a base estar unida" disse . "Já está na pauta e tem de terminar logo essa PEC e não vamos 'elastecer' essa agonia".
Guimarães refutou a ideia de que a busca de um acordo com base ocorra para evitar a tramitação o processo de impeachment da presidente na Câmara. "Primeiro que a presidente tem a legitimidade da democracia. É uma mulher honrada e nada que acontece na apuração do governo chega perto da presidente", disse. "Popularidade você perde e você ganha e o que vai retomar a popularidade é estabilizarmos a relação com o Congresso e a presidente visitar Estados, como fez ontem (10) no Maranhão", concluiu o líder do governo.