A Polícia Federal entregou nesta terça-feira ao Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR), 22 quadros apreendidos pela Operação Lava-Jato que seriam do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque - preso desde março, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro.
O italiano radicado no Brasil desde os 2 anos Alfredo Volpi pintou a série Ogivas entre as décadas de 70 e 80.
Considerada o medalhão do pacote de 22 quadros que chegaram ao museu de Curitiba para serem catalogadas, analisadas e irem para exposição, a "Ogiva", que Duque possui, tem 71X47 e está em uma moldura, entre vidros. O método é considerado pouco usual para uma tela.
A obra é da fase de Volpi em que ele trocou tinta óleo pela têmpera, uma técnica antiga na qual os pigmentos são misturados a um aglutinante, em geral o ovo. O vidro dos dois lados impede que a tela respire e atrapalha a visualização do tracejado do pincel, permitido pela secagem rápida da têmpera.
Entre os 22 quadros há obras de Alberto de Veiga Guignard, José Antônio dos Santos e Cícero Dias. Com o novo lote entregue para a PF, o Museu Oscar Niemeyer tem agora cerca de 270 peças apreendidas pelas Lava Jato, desde março de 2014. Dessas, 48 estão em exposição ao público.
Lavagem
No registro do quadro, o valor declarado da "Ogiva", de Volpi, é de cerca de R$ 400 mil. "Significa que os outros R$ 400 mil podem ter sido ocultos, não declarados", explicou o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula.
"Usar quadros é um mecanismo eficiente de difícil constatação de diferença de valor de compra e venda. A avaliação é subjetiva, então é um procedimento que estamos vendo que foi usado por alguns operadores no esquema junto à Petrobras"
As obras entregues nesta segunda-feira ao museu são, em maioria, "presentes" dados pelos operadores de propina no esquema na Petrobras Milton Pascowitch e João Bernardi Filho para Duque.
A Lava-Jato tinha mandado para recolher 14 desses quadros, com base nas notas e registros de propriedade apreendidos nas buscas feitas em fases anteriores da Lava-Jato. Os quadros estavam guardados em uma galeria de artes, no bairro de Botafogo, no Rio, onde foram feitas buscas na última fase da Lava-Jato. "No local encontramos outras oito obras, também apreendidas."