O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, disse nesta terça-feira que a participação "em massa" dos ministros da Corte ao jantar com a presidente da República poderia ser malvista pela sociedade. "De início eu sou contrário ao comparecimento do colegiado como um grande todo a certos eventos e esse evento é um deles. A leitura que o pagador de impostos, um cidadão faz não é boa e acaba indiretamente desgastando a instituição", disse, ao ser questionado sobre jantar, hoje no Palácio da Alvorada, oferecido pela presidente Dilma Rousseff a representantes do Judiciário em comemoração ao Dia do Advogado.
Ao ser perguntado se compareceria ao jantar, Marco Aurélio disse estar "muito honrado" pelo convite, mas que já tinha assumido outro compromisso. Questionado se o prejuízo à imagem da Corte se daria devido ao momento de crise enfrentada pelo governo, Marco Aurélio disse que isso seria ruim "em qualquer momento". "Eu já compareci ao Palácio do Alvorada para um jantar petit comité com o presidente da República. Mas uma coisa é um integrante comparecer e outra coisa é o colegiado em peso. Mas eu penso que não haverá o comparecimento em peso", comentou.
Marco Aurélio disse que a sociedade poderia interpretar uma participação em massa como uma forma de "cooptação" por parte do governo. "Essa é a leitura que o leigo faz. Nós não ficamos submissos por aceitar um convite da presidente da República, mas aquele a quem nós devemos contas, que são os cidadãos, eles veem de outra forma. Veem como se fosse algo em forma de cooptação, o que não é bom, principalmente nessa época", ponderou.
A presidente Dilma Rousseff recebe hoje ministros do STF, os presidentes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal Superior do Trabalho (TST), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Coêlho, para um jantar no Palácio da Alvorada. O convite foi feito a pretexto do Dia do Advogado, comemorado hoje. Contudo, a presidente vem organizando jantares em sua residência oficial com todas as esferas do poder, em uma tentativa de ampliar o diálogo e diminuir o cenário de crise.