Brasília- Em uma tentativa de aproximação com a cúpula do Judiciário, a presidente Dilma Rousseff recebeu no Palácio da Alvorada na noite dessa terça-feira cinco ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), além de presidentes de tribunais superiores e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. No jantar, Dilma falou sobre a necessidade de garantir "harmonia entre os poderes".
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Juristas apoiam manifesto pedindo renúncia de DilmaAuditores do TCU apontam falha sobre FGTS em defesa de contas de DilmaDilma recorre a Lula e movimentos sociais antes de protestosDilma: medidas implantadas deverão restaurar, em breve, bases de um novo cicloA ação de investigação da presidente no TSE pode levar, no limite, à cassação do mandato de Dilma e do vice, Michel Temer. Ministros menos "simpáticos" ao governo apontam outra fala de Lewandowski no encontro como um discurso que "dá margem a mais de uma interpretação". Um dos presentes relatou que o presidente do STF afirmou que se há "desarmonia" entre os poderes "é porque o poder está sendo exercido de forma inconstitucional".
Temer esteve presente no encontro. A percepção de dois participantes do jantar foi de relativo distanciamento entre a presidente e o vice.
O mote do jantar organizado no Alvorada são as comemorações do Dia do Advogado, celebrado em 11 de agosto, mas a reunião é também uma tentativa de manter bom relacionamento com os ministros diante da crise política enfrentada pelo governo. Para um ministro presente, o clima do encontro foi de "início de paquera". "Quando ninguém se conhece bem e tenta procurar assunto", afirmou, apontando o distanciamento do Planalto, nos últimos anos, da relação com o Judiciário. Uma das "amenidades" tratadas na reunião foi a vinda do Papa Francisco ao Brasil.
Nos bastidores, advogados e ministros de tribunais superiores se queixam da falta de diálogo com o Planalto. Um ministro de tribunal superior ouvido reservadamente fala em ausência de "interlocução preventiva", para evitar desgastes desnecessários entre os dois poderes. A figura do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, morto no ano passado, é apontada como um exemplo de tempos de diálogo com o governo.
Além do presidente do STF, Ricardo Lewandowski, compareceram ao jantar os ministros do Supremo Rosa Weber, Luiz Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli - também na função de presidente do TSE. O ministro Teori Zavascki, relator dos casos da Lava-Jato no STF não participou, em razão de compromisso fora de Brasília.
Janot, responsável pela investigação dos políticos com foro no STF e no STJ, teve presença discreta no encontro. "Bem mineiro", resumiu um participante. O procurador-geral brincou com os participantes que fora convidado "como advogado". Compareceram ainda os presidentes do STJ, Francisco Falcão, e do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Barros Levenhagen. No STJ a Lava-Jato também tem repercussão e, na próxima semana, deve entrar na pauta da 5ª Turma do Tribunal a análise de nove habeas corpus de presos pela Justiça Federal no Paraná, entre eles o caso do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht. O presidente do também compareceu ao encontro.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, também participou do encontro. Pelo governo, participaram os ministros José Eduardo Cardozo (justiça), Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) e Aloizio Mercadante (Casa Civil)..