Brasília - O Tribunal de Contas da União mantém parada há 20 dias investigação para apurar denúncias de tráfico de influência envolvendo o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente da corte, Aroldo Cedraz.
Desde 23 de julho, quando o tribunal anunciou uma apuração sobre o caso, os trabalhos não tiveram avanço. Nesta terça-feira, 11, após questionamento da reportagem, foi sorteado um relator para conduzi-los: Augusto Nardes. A corte divulgou relatório que cita ao menos 79 visitas de Tiago às suas dependências, mas não informou, na maioria dos casos, para quais gabinetes ele se dirigiu, o que ajudaria a mapear quais interesses defendeu e perante quem.
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Gleisi acusa "oportunismo" de ministros do TCU em julgamento de contasPresidente do TCU nomeou concunhado de filho para cargo no tribunalAdams: novo prazo do TCU "já está acalmando" ânimos pró-impeachmentComissão do Senado pede ao TCU mais explicações sobre contas de DilmaA investigação foi aberta por Raimundo Carreiro, corregedor do TCU. Ele, contudo, não ficou à frente do caso, pois foi citado na delação de Pessoa. Em depoimento, o empresário disse ter pago R$ 1 milhão para que Tiago resolvesse pendência de processo da usina de Angra 3, caso relatado por Carreiro. O ministro e Tiago negam qualquer participação em ilícitos.
O registro do destino é exigido pelo TCU de todos os visitantes, inclusive advogados. No caso de Tiago, a informação consta em apenas nove ocasiões.
Outro advogado do escritório, Thiago Groszewicz Brito esteve cem vezes no TCU a partir de 2006. Mas a corte só informou o destino dele em oito ocasiões, como nos gabinetes de Carreiro, em 2011, e de Dantas em 28 de julho. A audiência com assessores de Dantas teria sido para tratar de interesses de gestores do Banco do Nordeste em processo sobre irregularidades na concessão de créditos.
Defesas
Em nota, o TCU informou que suas recepções não costumavam registrar, até junho, o destino dos visitantes devido a dificuldades na operação dos antigos sistemas. Isso só ocorria eventualmente, segundo a corte. O escritório de Tiago afirmou que o levantamento aponta "média de uma visita a cada dois meses ao local de trabalho do seu pai" e que tal frequência não representa "ilegalidade" ou "anormalidade".