O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou, em café da manhã nesta quarta, no Palácio do Jaburu, com a cúpula do PMDB, o plano anticrise apresentado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e a atuação do vice-presidente Michel Temer diante das dificuldades do governo Dilma Rousseff.
No encontro, segundo relatos, Lula fez questão de dizer que vinha a Brasília para ter uma conversa entre "amigos" a fim de encontrar soluções para sair da crise política e econômica pela qual passa o País. "Eu tenho medo de fazer reuniões e alguém pensar que eu esteja fazendo coisas paralelas", afirmou ele.
Lula foi informado pela cúpula do PMDB que a ideia de se apresentar um plano anticrise, batizado por Renan de "Agenda Brasil", ocorreu diante do fato de que os peemedebistas esperaram por três meses para que a equipe econômica do governo apresentasse um pacote pós-ajuste fiscal - o que até agora não ocorreu.
Os peemedebistas disseram a Lula que vão receber na tarde desta quarta, na Presidência do Senado, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para discutir o aval do governo ao pacote Renan. O ex-presidente, que não fez qualquer crítica ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, elogiou a iniciativa dos senadores do partido.
Na conversa, Lula fez um afago a Dilma por ter retomado conversas políticas com os aliados. Na segunda-feira em jantar no Palácio da Alvorada, a presidente reuniu-se com 21 ministros e 43 senadores para falar sobre a responsabilidade da Casa na superação da crise. "Acho importante a participação do presidente Lula nas conversas", afirmou o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), um dos presentes ao encontro na chegada ao seu gabinete.
Temer
O ex-presidente disse ter compreendido o teor da fala de Michel Temer na quarta-feira passada, 5, quando o vice alertou para a gravidade da crise e que era preciso "alguém" para unificar o País. Lula disse que Temer tem tido um papel importante na coalizão e chegou a confidenciar que ele poderia ter sido indicado para coordenador político do governo.
Escanteado por Dilma, Temer foi escalado por ela para a função no início de abril, diante do agravamento da crise do governo com o Congresso. "Ninguém pode botar dúvida no trabalho do Temer", disse o ex-presidente, a quem elogiou a lealdade.
Participaram do encontro, além do anfitrião Temer, de Lula, Renan e Eunício, o ex-presidente José Sarney, os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Jader Barbalho (PMDB-PA), os ministros Eduardo Braga (Minas e Energia) e Henrique Eduardo Alves (Turismo). O ex-presidente abriu e fechou a rodada de conversas em que todos os presentes falaram.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também foi convidado para o encontro, mas não compareceu. Lula, segundo relatos, não fez qualquer crítica a Cunha, rompido com Dilma sob a alegação de interferência do governo nas investigações da Operação Lava Jato contra ele. O ex-presidente ressaltou que o sistema legislativo do País é "bicameral".
Descontraído, em comparação às últimas vezes em que veio à capital, Lula chegou a brincar com os presentes. Comentou a forma de Romero Jucá, mais magro e que vai se casar em breve. Segundo relatos, o ex-presidente disse que Jucá "preparou o corpo" para receber o terno.