A presidente Dilma Rousseff (PT) condenou nesta quarta-feira a existência das chamadas “pautas-bombas” nas votações do Congresso, mais especificamente na Câmara dos Deputados, onde o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já declarou rompimento com o governo. Segundo ela, esse tipo de ambiente compromete os esforços do país para voltar a crescer. “O que não é possível é que a política comprometa a recuperação da economia. Por isso, não é possível as pautas-bomba”, disse, em entrevista ao jornal SBT Brasil.
Sobre as manifestações contra o governo dela, programadas para ocorrer em diversas cidades pelo país no próximo domingo, a presidente disse que não há condições materiais para que um golpe possa ocorrer. Apesar disso, ela admitiu que “a cultura do golpe ainda existe”. “No passado, até a nossa redemocratização, sistematicamente houve tentativas de golpe”, analisou. A petista disse também que cabe a todos saber conviver com as diferenças e que o Brasil não é uma democracia 'infantilizada'. Manifestações são normais. Temos que evitar é a intolerância”, afirmou.
A presidente disse que há uma intolerância crescente no Brasil, não da sociedade, mas das elites. "Vejo uma tentativa ainda bastante incipiente e muito artificial de criar um clima desse tipo", destacou.
Ainda durante a entrevista, a presidente afirmou que “jamais” cogitou renunciar. Ela afastou qualquer possibilidade de divergências com o vice-presidente Michel Temer (PMDB). “Não tem intriga entre mim e o Temer. Ela não dura”, garantiu.
Sobre as investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) e o Ministério Público, no âmbito da Operação Lava-Jato, Dilma disse que defende a investigação “de quem quer que seja”. Ela destacou ainda que respeita a independência das instituições. No entanto, não quis comentar sobre os investigados.