A sequência de escândalos de corrupção no Brasil cria o maior clima de incerteza política desde a redemocratização. O país que deu a impressão na última década de ter deixar no passado as turbulências econômicas, ao reduzir a pobreza e ganhar perfil global, volta à rotina de crises. Essa é a opinião do jornal norte-americano New York Times, um dos mais prestigiados do mundo. Artigo publicado nessa quarta-feira (12) cita os protestos contra a presidente Dilma, programados para o próximo domingo (16).
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Novo protesto contra Dilma encontrará cenário pior no paísDilma recorre a Lula e movimentos sociais antes de protestosPSDB divulga inserção em que apoia protestos contra DilmaDilma terá que mostrar liderança se quiser sobreviver, diz NYTimesProtesto foca PT e CUT pede 'exército anti-impeachment'Presidente da UNE pede a Dilma participação de entidade na agenda BrasilIbope/Conecta: 54% dos entrevistados acham que Brasil está no começo da criseGilmar Mendes vota a favor de investigar Dilma, mas Fux pede vista e julgamento é suspensoO New York Times afirma que o Brasil mostra sinais profundos de choque e indignação. A reportagem observa que, apesar de nenhuma denúncia ligar Dilma ao escândalo da Petrobras, a presidente integrava o conselho administrativo da estatal. E, na melhor das hipóteses, Rousseff era “negligente na supervisão da empresa e seus tentáculos em todo o governo”.
A má fase da economia também contribui para a impopularidade de Dilma Rousseff, que adotou medidas de austeridade amplamente criticadas durante a própria campanha de reeleição, em 2014.
Para a publicação, a revolta popular é acentuada porque a oposição ao PT “parece quase tão à deriva quanto Dilma”. A falta de credibilidade toma conta de vários partidos afogados na crise política.
Sobram críticas aos líderes do PSDB, por impor derrotas ao governo no Congresso, em meio à tentativa de ajuste fiscal. Segundo o jornal norte-americano, as tentativas de enfraquecer Rousseff reverberam negativamente na economia e agravam incertezas em Brasília.
Especialistas políticos ouvidos pelo New York Times afirmam que toda a agitação política demonstra o fortalecimento da democracia no Brasil, país onde historicamente figuras poderosas gozavam de impunidade. O jornal cita a prisão de Marcelo Odebrecht, presidente de uma das maiores empreiteiras brasileiras, e Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras.
“As prisões de tais pessoas altamente influentes refletem um traço fundamental da independência judicial obtida pelo Ministério Público, órgão do Ministério Público independentes”, observa a publicação.
A reportagem alerta para o risco dos repetidos pedidos de impeachment contra a atual presidente. “Se Dilma for deposta por seus adversários sem qualquer evidência explícita da ilegalidade, a democracia do Brasil pode ser mais frágil do que se pensava, convidando a comparações com uma época que muitos brasileiros achavam que tinham vencido.”.