Jornal Estado de Minas

Com receio de ação judicial, Kroll quer cheque caução da CPI da Petrobras

Deputados que participaram da reunião reservada da CPI da Petrobras na tarde desta quinta-feira para discutir o trabalho de rastreamento de contas no exterior realizado pela consultoria Kroll revelaram que a empresa, em vias de renovar seu contrato com a Câmara, está exigindo um cheque caução para eventuais processos de investigados. Hoje, o presidente da comissão apresentou os 12 nomes de personagens da Operação Lava-Jato que foram investigados pela Kroll.

O contrato da primeira fase já previa a entrega de um cheque caução. Na segunda fase, o valor ainda não foi definido. A preocupação da consultoria é com eventuais pedidos de indenização dos investigados.

A CPI está negociando com a Kroll a renovação dos trabalhos para uma nova fase. Segundo deputados, todo o pacote de rastreamento de contas, bens e empresas dos investigados fora do País pode custar R$ 10 milhões. Só na primeira fase, a Câmara dos Deputados desembolsou mais de R$ 1 milhão. Desde julho a Kroll interrompeu seus trabalhos à espera de um novo contrato com a Casa. "Não vou dizer que foi um gasto à toa.
Há interesse da investigação prosseguir", respondeu Motta sobre os gastos com a consultoria.

A lista dos rastreados inclui delatores do esquema de corrupção da Petrobras e até mesmo Stael Fernanda Janene, viúva do ex-deputado José Janene (PP-PR). Os outros 11 nomes são: Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras), Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras), Pedro Barusco (ex-gerente da Petrobras), Alberto Youssef (doleiro), João Vaccari Neto (tesoureiro do PT), Augusto Mendonça (ex-dirigente da Toyo Setal), Julio Camargo (lobista), Eduardo Leite (ex-diretor vice-presidente da Camargo Corrêa), Dalton Acancini (ex-presidente da Camargo Corrêa), Julio Faerman (representante da SBM Offshore no Brasil) e Ricardo Pessoa (empreiteiro da UTC). Segundo fontes, quatro nomes se destacaram na fase preliminar do levantamento, mas haveria indícios em relação a todos os investigados.

Motta decidiu revelar os nomes antes de colocar a renovação do contrato em votação no plenário. Pelo menos três deputados - Júlio Delgado (PSB-MG), Eliziane Gama (PPS-MA) e Ivan Valente (PSOL-SP) - já avisaram que não votarão pela renovação. O peemedebista disse que decidirá com os membros da CPI quem será investigado na fase seguinte do rastreamento, caso o contrato seja renovado. "As escolhas agora serão compartilhadas", declarou Motta..