Brasília - Os três principais grupos que lideram a convocação para protestos contra a presidente Dilma Rousseff e o PT, no domingo, decidiram adotar três palavras de ordem em comum: “Fora corruptos”, “Fora Dilma” e “Lula nunca mais”. Em paralelo, movimentos sociais voltaram a dar apoio à petista em ato no Palácio do Planalto, no qual o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Wagner Freitas, falou em ir às ruas “de armas na mão”.
“A questão do Eduardo Cunha não é central para nós. Ele não é o foco, mas vamos pressioná-lo pela admissibilidade dos pedidos de impeachment que estão na Câmara”, disse Carla Zambelli, porta-voz da Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos, frente que reúne dezenas de grupos anti-Dilma. Como presidente da Câmara, Cunha é quem decide se aceita ou não pedido de impeachment.
Por sua vez, os movimentos anti-Dilma já adotaram como alvo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que se reaproximou do Planalto. Na noite de quarta-feira, integrantes do MBL fizeram um ato de protesto na frente da residência oficial do peemedebista.
Os grupos discordam, porém, sobre o tratamento a ser dado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável por investigar autoridades com foro no Supremo Tribunal Federal, como os alvos da Lava Jato. “A lentidão do Janot no processo chama a atenção, mas não existe indicação de que ele esteja obstruindo a investigação”, afirmou Rogério Chequer, do Vem Pra Rua.
‘Às armas’
Grupos pró-PT têm adotado o discurso da defesa da democracia para rechaçar movimentos pelo impeachment. Mas ontem, em solenidade no Palácio do Planalto, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Wagner Freitas, afirmou que os movimentos sociais serão o “exército” que vai “enfrentar essa burguesia”.
“Recado para os golpistas: nós somos trabalhadores, trabalhamos pela democracia”, discursou o sindicalista. “O que se vende é a intolerância, o preconceito de classe contra nós. Somos defensores da unidade nacional. Isso implica ir para a rua entrincheirados de armas na mão, se deitar e lutar se tentarem tirar a presidente.”
Os presentes responderam com gritos de “Não vai ter golpe”. Dilma ouviu as manifestações, mas não comentou o discurso de Freitas. Em entrevista após a cerimônia, o ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) tampouco respondeu ao ser questionado sobre o assunto e limitou-se a dizer que o “governo não trabalha com a hipótese de impeachment”. “O governo trabalha com um ambiente de mais estabilidade, mais diálogo, especialmente com nossa base.” (Pedro Venceslau e Lisandra Paraguassu)