Juazeiro - Por determinação do Palácio do Planalto, a Polícia Militar da Bahia barrou o avanço de manifestantes contrários ao governo que tentavam acompanhar a cerimônia da presidente Dilma Rousseff, que ocorre nesta sexta-feira, 14, em Juazeiro (BA), onde serão entregues 1.480 unidades habitacionais do Minha Casa Minha Vida.
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Dilma está sitiada e Planalto se transformou em um comitê de apoio, diz AécioPara tentar recompor base, Dilma recebe senadores independentesAécio diz que PSDB defende prosseguimento de ação do TSE para impugnar DilmaDilma cita Carlos Lacerda para pedir respeito e criticar golpe"É uma total falta de respeito", disse a cabeleireira Mônica de Oliveira Santos, de 39 anos, uma das beneficiárias barradas do Minha Casa Minha Vida. Acompanhada dos dois filhos, ela tentava romper o isolamento dos policiais e entrar na cerimônia enquanto falava com a reportagem.
Pátria educadora
O tumulto começou quando um grupo de cerca de 100 servidores públicos com faixas críticas ao governo se aproximou do evento. "Dilma, mãos de tesoura, cadê a pátria educadora?", entoavam os manifestantes, que seguravam cartazes de "Valorização da educação" e "Aceitamos os 41% do Judiciário".
Organizado nas redes sociais, o protesto reuniu servidores da Universidade Federal do Vale do São Francisco, do INSS e de institutos federais. A reportagem acompanhou a caminhada do grupo, que ocorreu de forma pacífica, sem incidentes, até policiais militares barrarem o caminho.
"A presidente tenta fazer um ajuste fiscal que prejudica as instituições públicas", criticou o professor David Simões, de 31 anos, que trabalha na Universidade Federal do Vale do São Francisco. Com o corte orçamentário no Ministério da Educação (MEC), a instituição tem sofrido com redução no número de funcionários terceirizados, ameaça de corte de energia e até a falta de papel higiênico nos banheiros, relata o professor.
Eleitor de Dilma, Simões se diz arrependido de ter votado na petista. "Estamos à mercê de um governo improvisado", observou. "O governo padece de credibilidade por conta das denúncias de corrupção e da falta de apoio político", comentou o servidor Jailson Gomes, 46, que também marcou presença no protesto.
Blindagem
Com o cordão de isolamento feito para impedir o avanço de qualquer manifestação na área próxima à solenidade, a presidente Dilma Rousseff foi "blindada" de eventuais constrangimentos. Dilma chegou à cerimônia sob os gritos de "Olê-olê-olê-olá, Dilma, Dilma" e "Não vai ter golpe".
No segundo turno das eleições de 2014, a presidente obteve 74,76% dos votos válidos em Juazeiro, ante 25,24% do tucano Aécio Neves.
Aconselhada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma decidiu intensificar a agenda de viagens na Região Nordeste, para resgatar a popularidade e tentar reconquistar apoio popular, em meio ao caos político e à crise econômica. De Juazeiro, a presidente embarca para Salvador, onde se reúne com empresários e se encontra com movimentos sociais nesta tarde..