Pela terceira vez no ano, uma mobilização nacional contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) levou às ruas nesse domingo (16) milhares de brasileiros que pedem a saída da petista da Presidência da República. Com faixas, cartazes e grandes bandeiras nas cores do Brasil, vestidos de verde e amarelo ou fantasiados, os manifestantes deram o grito de insatisfação em todos os 26 estados e no Distrito Federal. Segundo a Polícia Militar, os protestos reuniram cerca de 870 mil pessoas, em pelo menos 200 cidades. Os organizadores estimam 2 milhões nas ruas. As maiores mobilizações foram nas capitais, como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Os protestos ocorreram de forma pacífica. Além de Dilma, o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram os principais alvos dos insatisfeitos.
Desta vez, com o apoio formal dos tucanos aos atos, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, fez a sua estreia nas manifestações na Praça da Liberdade, na capital mineira, onde fez questão de dizer que estava apenas como cidadão indignado. Para dar seu recado, ele subiu a dois trios elétricos e discursou. Cerca de 6 mil compareceram, segundo a Polícia Militar. Nos cartazes, os belo-horizontinos traziam mensagens de “Fora Dilma”, “Fora PT” e demandas diversas, como o fim da corrupção e até do comunismo. Eles se organizaram em blocos carnavalescos e fizeram muito barulho durante toda a manhã na Praça da Liberdade, seguindo para a dispersão na Praça Savassi.
Outros políticos também participaram pelo país. Em São Paulo, o senador José Serra (PSDB) anunciou pelo Twitter sua chegada à manifestação por volta das 16h. “Muita alegria das pessoas ao me verem aqui. As pessoas que protestam se mostram insatisfeitas com o atual governo”, postou. No Recife, o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) defendeu que a presidente Dilma renuncie ao cargo, pois considera que seria uma solução menos traumática para o país. Vice na chapa tucana que concorreu à Presidência sem sucesso no ano passado, o senador Aloysio Nunes (SP) participou do protesto na Esplanada dos Ministérios e posou para selfies com manifestantes. Ele chamou de “oceânico” o grau de reprovação da presidente Dilma e negou que o PSDB esteja dividido sobre a ideia de impeachment.
Em São Paulo, o protesto só ganhou força à tarde. Às 14h, parte da Avenida Paulista foi tomada pelos manifestantes com as palavras “impeachment” e “intervenção, já”, com enormes faixas abertas na via. Por volta das 15h30, os manifestantes ocupavam 10 quarteirões da avenida, que tinha nove carros de som. A Polícia Militar informou que 465 mil pessoas foram às ruas no estado: 350 mil na Paulista e 115 mil em outros municípios. Os organizadores falaram em 1 milhão de manifestantes, e o instituto Datafolha apontou 135 mil.
No Rio de Janeiro, o protesto se estendeu por cerca de dois quilômetros da Avenida Atlântica, em Copacabana. Um homem que manifestou apoio a Dilma foi agredido e teve de deixar o local com escolta da polícia. Celebridades também participaram, entre elas a atriz Regina Duarte, que subiu em uma árvore para fazer uma selfie.
Brasília reuniu cerca de 25 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, com direito a uma cadeia improvisada com bonecos de políticos como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro José Dirceu (PT). O ato foi embalado em parte pelo Melô da Mandioca, que ridiculariza a saudação feita pela presidente em um evento no Rio de Janeiro. Houve quem pedisse a prisão de Lula – que teve um segundo boneco gigante, com roupa de presidiário, circulando durante o protesto – e até quem quisesse a volta de José Sarney (PMDB) à Presidência.
As queixas em Brasília se estenderam aos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, ambos do PMDB. Cunha, no entanto, chegou a ser homenageado em Belo Horizonte com um cartaz dizendo que ele não está isolado. “Somos milhões de Cunhas”, dizia. Já o juiz Sérgio Moro, responsável pelas prisões da Operação Lava-Jato, que investiga a corrupção na Petrobras, foi o grande homenageado do dia. Em vários locais havia faixas de apoio ao magistrado, que ganhou, entre outros, o cartaz “Somos todos Moro”.