O ex-gerente geral da agência do Banco do Brasil onde os doleiros Raul Srour e Nelma Kodama tinham conta bancária revelou que pessoas depositavam diariamente grandes volumes de dinheiro na conta de Srour e faziam os depósitos em várias agências do BB. Eiras depõe na tarde desta terça-feira na CPI da Petrobras.
"Todos os dias apareciam volumes elevados na boca do caixa", disse. Com o grande volume de depósitos, ele decidiu buscar mais informações sobre os negócios do doleiro e lhe foi informado que se tratava de uma corretora com várias lojas de câmbio em shoppings.
Hoje aposentado, Eiras disse que trabalhou por 12 anos como gerente-geral de agência. Ele contou que, com um mês de conta aberta, Nelma Kodama pediu para fazer operações de câmbio junto ao banco, mas a solicitação foi negada porque era exigido pelo menos um ano de conta aberta.
Aos parlamentares, Eiras destacou que as movimentações acima de R$ 10 mil eram informadas ao Banco Central. No entanto, ele disse ser "humanamente impossível" checar todos os clientes suspeitos de lavagem de dinheiro.
O depoimento anterior foi do ex-gerente assistente da agência, Rinaldo Gonçalves de Carvalho. O ex-funcionário do BB foi condenado por corrupção passiva e disse que a condenação foi injusta, que não era sua obrigação informar o Coaf sobre o volume movimentado por Nelma. "Todos sabiam da movimentação dela", disse.
Carvalho contou aos parlamentares que Nelma era uma cliente "top de linha", com movimentações diárias que chegavam a R$ 1 milhão. "Só fui preso porque eu tinha contato, porque eu fazia o atendimento", declarou.
Ele chegou a informar o grupo que a conta bancária tinha sido bloqueada judicialmente, evitando assim que houvesse novas movimentações dos colaboradores da doleira. O ex-gerente alegou que avisou o grupo porque acreditava ser bloqueio por processo trabalhista e não sabia que era uma ação criminal.