O Ministério Público Federal (MPF) recebeu 614 ossadas que estavam em vala clandestina do cemitério de Perus, na zona noroeste da capital paulista. Os restos mortais de possíveis desaparecidos políticos da ditadura ficarão armazenados em sala-cofre no subsolo do MPF em São Paulo até que a reforma no laboratório da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) esteja concluída, e as ossadas possam ser transferidas para a instituição. O material foi recebido pelo MPF no último sábado (15). O Cemitério Público Municipal de Perus foi usado durante a ditadura militar para enterrar secretamente militantes políticos assassinados e outras vítimas de violência no regime.
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Comissão da Verdade encontra foto de ossada que pode ser de Stuart AngelSenado quer apurar sumiço de ossadas encontradas no Pará OAB considera inaceitável o desaparecimento de ossadas do AraguaiaFamília do desaparecido político Aluízio Palhano avalia fazer funeralDo total já verificado, 85% são ossadas do sexo masculino. Existe também um percentual de 5% de crianças. Em 22% das caixas, havia mais de um indivíduo, o que significa que o número de pessoas a serem identificadas pode ser maior que o estimado.
Laboratório
Segundo o ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Pepe Vargas, o ministério está em processo de contratação de um laboratório internacional que também se dedicará à análise genética das ossadas. O valor a ser gasto gira em torno de R$ 2 milhões.
O Cemitério Público Municipal de Perus foi usado durante a ditadura para enterrar secretamente militantes políticos assassinados e outras vítimas de violência no regime. “O direito à memória é fundamental e deve ser garantido pelo Estado e pela própria sociedade. A busca da verdade é tarefa fundamental de um Estado democrático. Isso é fundamental tanto para que a sociedade compreenda a forma como a repressão se estabeleceu, quanto para que isso não se repita”, declarou nesta quarta-feira (19) o ministro.
O cemitério foi inaugurado em abril de 1971. Algumas ossadas foram descobertas na década de 1990 pelo Departamento de Medicina-Legal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em 1992, foram identificados dois presos políticos cujos restos mortais estavam na vala clandestina de Perus: Dênis Antônio Casemiro e Frederico Eduardo Mayr.
Em 2014, foram transferidas 433 ossadas para o laboratório da Unifesp, mas a permanência das 614 ossadas no cemitério ainda preocupava o Grupo de Trabalho de Perus. Na sala-cofre do MPF, segundo a Procuradora Regional da República Eugênia Gonzaga, que também é presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, as ossadas ficam seguras e armazenadas com a climatização e umidade adequadas.
A estimativa é que a identificação dos restos mortais feita pela Unifesp e pelo órgão internacional a ser contratado termine até o final de 2016..