O Ministério Público Federal (MPF) quer criar um “teste de integridade” para agentes públicos e policiais. Seria uma espécie de pegadinha, na qual funcionários das corregedorias, controladorias, ouvidorias, policiais e integrantes do Ministério Público (MP), por exemplo, ofereceriam propinas a um agente público fingindo ser um cidadão. A proposta faz parte do pacote de 10 medidas que o MPF quer transformar em projeto de lei de iniciativa popular. Assinaturas estão sendo colhidas em todo o Brasil para serem enviadas ao Congresso Nacional, nos moldes do que aconteceu com a proposta da Ficha Limpa.
O texto do anteprojeto de lei com essa medida já está pronto. Segundo a proposta, a intenção é testar a “conduta moral” dos agentes públicos e sua “predisposição para cometer crimes contra a administração pública”. Tudo deve ser gravado por meio audiovisual. Os testes serão aplicados de maneira aleatória e também em funcionários que já são alvo de “notícia desairosa ou suspeita de prática ímproba”. De acordo com o texto, o resultado dos testes poderá ser usado para instruir ações criminais e cíveis, incluindo os processos de improbidade administrativa que envolvem desvio de recursos públicos.
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Doleiro diz que foi 'leva e traz' de corruptos e corruptoresManifestantes aderem a abaixo-assinados por lei anticorrupçãoCandidatos ao comando do Ministério Público priorizam anticorrupçãoINCONGRUÊNCIAS Na justificativa do projeto, o MPF cita uma pegadinha, aplicada na década de 1970 por um órgão de imprensa de Miami (EUA), onde três carteiras contendo dinheiro e um documento de identidade foram entregues a 31 policiais. Nove, segundo o MPF, não devolveram o dinheiro e foram penalizados. Afirma ainda que a imprensa pode aplicar, de modo lícito, esses testes, “tanto mais pode fazê-lo a administração pública”. Na própria justificativa, o MPF admite que pode haver alguma discussão jurídica decorrente de “incongruências procedimentais e estruturais” na aplicação dos testes.
O procurador Rodrigo Leite Prado, que atua na força-tarefa da Operação Lava-Jato, defende os testes como uma maneira de prevenir a corrupção e disse que eles vão ajudar a criar um ambiente de fiscalização permanente que vai inibir atos de corrupção.