Acuado pela acusação de corrupção e lavagem de dinheiro e de embolsar propina de US$ 5 milhões de um estaleiro que construiu dois navios para a Petrobras, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), parece ser agora o menor dos males para o governo Dilma Rousseff (PT). No Palácio do Planalto, a interpretação é que será difícil um presidente denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ter condições políticas para conduzir um processo de impeachment da petista. Mas o governo ainda tem pela frente um forte inimigo para combater: os números pífios da economia. E ainda está às voltas com uma crise entre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy e o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que tem como aliado o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, seu auxiliar na articulação política.
Nas manifestações de apoio a Dilma Rousseff realizadas na quinta-feira em 34 cidades de todos os estados brasileiros e o Distrito Federal, foram vários os gritos de “Fora, Levy” pelos descontentes com a política econômica e os últimos índices registrados no Brasil. Em algumas capitais, como Belo Horizonte e Rio de Janeiro, os manifestantes chegaram a fazer um protesto em frente às sedes do Ministério da Fazenda. As medidas do ajuste fiscal foram fortemente criticadas nas manifestações.
E o governo tem motivo para se preocupar. Na sexta-feira, as notícias desfavoráveis pipocaram na imprensa. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a prévia da inflação oficial, que chegou a 0,43% em agosto, após o índice de 0,5% em julho. Apesar da desaceleração, foi o índice mais alto para agosto dos últimos 11 anos. No acumulado dos últimos dois meses, o índice é de 9,57% – o maior desde dezembro de 2003, que foi de 9,86%.
Enquanto isso, o Cadastro Geral de Empregados (Caged) informou que, no mês passado, foram fechados 157.905 postos de trabalho com carteira assinada no país. O resultado de julho representa a menor geração de empregos para o mês desde 1992, quando iniciou a série histórica. Segundo o Ministério do Trabalho, no acumulado do ano, houve perda de 494.386 vagas. Nos últimos 12 meses, o número chega a 778.731.
Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que o segundo semestre deste ano começou com uma queda na produção, ociosidade elevada e estoques acima do planejado, segundo pesquisa realizada com 2.942 indústrias de todo o Brasil entre os dias 3 e 13 deste mês. O índice de produção somou 44 pontos em julho – um aumento de 3,7 pontos em relação a junho, mas, como o índice permaneceu abaixo de 50 pontos, o resultado mostra uma manutenção da queda da produção industrial, segundo a CNI.
RESFRIADO Diante dos dados negativos para a equipe econômica, Joaquim Levy tem enfrentado resistências não só do povo, mas dentro do governo e na base aliada – especialmente em razão da sua posição “linha-dura”. Na quarta-feira passada, quando foi votado o projeto que aumenta tributos para setores da economia – a chamada reoneração – o embate foi com os senadores do PMDB e PT. Em uma tentativa de acordo para a aprovação do texto, senadores da legenda tentaram excluir o setor de transportes da reoneração.
Consultado por Michel Temer sobre o assunto, Levy teria respondido negativamente à concessão para os transportes, desagradando em cheio ao vice-presidente. Por essas e outras, Temer tem se sentido desconfortável na função de fazer a ponte com o Congresso e deve deixar a articulação. O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, também foi alvo das negativas do ministro da Fazenda. Depois de ter teria assegurado a liberação de R$ 500 milhões em emendas parlamentares aos líderes da Câmara, com o aval de Levy, foi desmentido pelo ministro, provocando a ira do colega de governo.
Por ocasião do anúncio do corte de R$ 69,9 bilhões no Orçamento da União, em maio, vieram à tona as divergências entre Joaquim Levy e o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Oficialmente, um resfriado teria impedido a presença do titular da Fazenda no evento, mas nos bastidores, Levy estaria inconformado por ter sido vencido na defesa de corte de R$ 80 bilhões e pelas informações que seriam repassadas à imprensa.
Joaquim defendia que o governo divulgasse um cenário mais negativo sobre a situação do caixa do governo e a possibilidade de uma reavaliação das receitas. Sem a presença dele, coube a Nelson Barbosa fazer sozinho a apresentação dos cortes.
Nas manifestações de apoio a Dilma Rousseff realizadas na quinta-feira em 34 cidades de todos os estados brasileiros e o Distrito Federal, foram vários os gritos de “Fora, Levy” pelos descontentes com a política econômica e os últimos índices registrados no Brasil. Em algumas capitais, como Belo Horizonte e Rio de Janeiro, os manifestantes chegaram a fazer um protesto em frente às sedes do Ministério da Fazenda. As medidas do ajuste fiscal foram fortemente criticadas nas manifestações.
E o governo tem motivo para se preocupar. Na sexta-feira, as notícias desfavoráveis pipocaram na imprensa. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a prévia da inflação oficial, que chegou a 0,43% em agosto, após o índice de 0,5% em julho. Apesar da desaceleração, foi o índice mais alto para agosto dos últimos 11 anos. No acumulado dos últimos dois meses, o índice é de 9,57% – o maior desde dezembro de 2003, que foi de 9,86%.
Enquanto isso, o Cadastro Geral de Empregados (Caged) informou que, no mês passado, foram fechados 157.905 postos de trabalho com carteira assinada no país. O resultado de julho representa a menor geração de empregos para o mês desde 1992, quando iniciou a série histórica. Segundo o Ministério do Trabalho, no acumulado do ano, houve perda de 494.386 vagas. Nos últimos 12 meses, o número chega a 778.731.
Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que o segundo semestre deste ano começou com uma queda na produção, ociosidade elevada e estoques acima do planejado, segundo pesquisa realizada com 2.942 indústrias de todo o Brasil entre os dias 3 e 13 deste mês. O índice de produção somou 44 pontos em julho – um aumento de 3,7 pontos em relação a junho, mas, como o índice permaneceu abaixo de 50 pontos, o resultado mostra uma manutenção da queda da produção industrial, segundo a CNI.
RESFRIADO Diante dos dados negativos para a equipe econômica, Joaquim Levy tem enfrentado resistências não só do povo, mas dentro do governo e na base aliada – especialmente em razão da sua posição “linha-dura”. Na quarta-feira passada, quando foi votado o projeto que aumenta tributos para setores da economia – a chamada reoneração – o embate foi com os senadores do PMDB e PT. Em uma tentativa de acordo para a aprovação do texto, senadores da legenda tentaram excluir o setor de transportes da reoneração.
Consultado por Michel Temer sobre o assunto, Levy teria respondido negativamente à concessão para os transportes, desagradando em cheio ao vice-presidente. Por essas e outras, Temer tem se sentido desconfortável na função de fazer a ponte com o Congresso e deve deixar a articulação. O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, também foi alvo das negativas do ministro da Fazenda. Depois de ter teria assegurado a liberação de R$ 500 milhões em emendas parlamentares aos líderes da Câmara, com o aval de Levy, foi desmentido pelo ministro, provocando a ira do colega de governo.
Por ocasião do anúncio do corte de R$ 69,9 bilhões no Orçamento da União, em maio, vieram à tona as divergências entre Joaquim Levy e o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Oficialmente, um resfriado teria impedido a presença do titular da Fazenda no evento, mas nos bastidores, Levy estaria inconformado por ter sido vencido na defesa de corte de R$ 80 bilhões e pelas informações que seriam repassadas à imprensa.
Joaquim defendia que o governo divulgasse um cenário mais negativo sobre a situação do caixa do governo e a possibilidade de uma reavaliação das receitas. Sem a presença dele, coube a Nelson Barbosa fazer sozinho a apresentação dos cortes.