Brasília - O governo da presidente Dilma Rousseff superou o número de ministros nomeados na comparação com os dois governos anteriores, de Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. Desde que assumiu a Presidência, em janeiro de 2011, foram nomeados 89 titulares de pastas com status de ministérios, incluindo órgãos da Presidência da República. Nos cinco primeiros anos de mandato, Lula teve 74 ministros e FHC, 70. Antes de assumir o segundo mandato, a presidente fez uma reforma ministerial em que quatro titulares foram trocados de pastas, 15 mantidos e outros 20 novos nomes anunciados. Outra grande mudança ocorreu no primeiro ano de governo, quando sete ministros caíram – seis envolvidos em casos de corrupção. O Planalto tem desenhado nas últimas semanas um novo cenário em resposta à crise política e econômica.
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Renan rechaça aumento de impostos e sugere a Dilma cortar despesas e ministérios"Que não corte só os ministérios que não sejam do PT", diz CunhaRedução de ministérios é preocupação constante do governo, diz Jaques WagnerFHC lança livro em que aponta 'crise moral' do PTOs outros 11 não têm partido. No mandato da petista, os únicos que estão lotados na mesma pasta desde o começo são Alexandre Tombini (Banco Central), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), José Eduardo Cardozo (Justiça), José Elito Carvalho Siqueira (Gabinete de Segurança Institucional) e Luis Inácio Adams (Advocacia-Geral da União). Aloizio Mercadante começou na Ciência e Tecnologia, passou pela Educação e está na Casa Civil desde fevereiro de 2014. No governo Lula, cinco ministros permaneceram durante todo o mandato, sendo quatro sem trocas de pastas. Na gestão de FHC foram seis titulares, dois passaram por mais de um ministério.
HABILIDADE A deficiência na articulação política da presidente Dilma é um dos fatores apontados pelo mestre em ciência política Lucas de Aragão para explicar a rotatividade. Ele lembra que Lula tinha melhor capacidade de diálogo e negociação e alta popularidade, além de governar em um período econômico mais favorável, com baixa inflação, desemprego controlado e alto crescimento econômico.
“Como Dilma não tem nada disso, recorre ao mais óbvio para ganhar apoio, que é a distribuição de cargos e consequentemente o inchaço da máquina”, aponta o também sócio-diretor da consultoria Arko Advice.
Para o senador José Agripino (DEM-DF), as nomeações de Dilma são ineficazes para garantir apoio político porque falta incluir os aliados nas decisões do governo. “Não tem satisfação porque eles dão o ministério, mas a operação da máquina é petista. Indicam os cargos, mas não dão as condições mínimas para se ter um poder maior de decisão”, critica. Ele cita ainda incompatibilidade entre titulares de outros partidos e o perfil de funcionários do segundo e terceiro escalões, muitas vezes ligados ao PT, e atribuiu a rotatividade ainda a uma prevalência de perfil político nas escolhas, em vez de técnicos.
Na avaliação do ex-líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), a diferença do número de ministros não é significativa e todos os governos de presidencialismo de coalização no Brasil foram similares na distribuição de cargos. Ele acredita que fatores externos à habilidade política da presidente Dilma possam explicar o aumento de ministros. “Uma possível leitura é pela própria evolução do sistema político, já que nós temos observado uma fragmentação com o aumento do número de partidos”, afirmou.
Ministros
89
nomeados por Dilma
em quatro anos e meio
74
nomeados por Lula nos cinco primeiros anos de mandato
70
nomeados por FHC nos cinco primeiros anos de mandato.