Faltando menos de um ano para o início oficial da disputa pelas prefeituras, os partidos estão de olho não só em Belo Horizonte, mas também nos maiores cidades do estado. Juntas, elas têm um eleitorado superior ao capital, com 1,9 milhão de votantes. São sete municípios (Uberlândia, Contagem, Juiz de Fora, Betim, Montes Claros, Uberaba e Governador Valadares) com 2,2 milhões de eleitores ou 15% do total de pessoas aptas a votar, de acordo com o último levantamento do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG). Em todas, a eleição pode ocorrer em dois turnos. Juntos no comando do governo do estado, PT e PMDB estudam fazer dobradinha em todas elas já na primeira etapa e, se não for possível, em uma eventual disputa em duas fases. Ao contrário do plano nacional, onde também são aliados, mas andam se estranhando, em Minas, pelo menos por enquanto, é só amor.
Do lado da oposição, o PSDB, que governou Minas por 12 anos, tenta ampliar seu espaço nessas cidades, comandadas majoritariamente pelo PT e PMDB, com dois prefeitos de cada lado, e por partidos da base aliada (PCdoB e PRB). A única exceção é Betim, na Grande BH, onde o prefeito Carlaile Pedrosa (PSDB) enfrenta problemas na administração, com racha em sua base aliada e perda de apoios políticos importantes, e pode até não disputar a reeleição. Lá o PT pode apoiar o deputado estadual Ivair Nogueira (PMDB).
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Partidos começam a montar chapas para disputar eleições 2016PSDB monta estratégia para disputar eleições de 2016Dezesseis cidades de Minas vão trocar de prefeito antes das eleições de 2016O PCdoB, que comanda o terceiro maior colégio eleitoral do estado, Contagem, quer permanecer no posto e conta para isso com a ajuda do PT e, quem sabe, do PMDB, atualmente liderado na cidade pelo filho do ex-governador Newton Cardoso, o deputado federal Newton Júnior (PMDB). O PSDB deve lançar o vereador Fredim Carneiro, recém-filiado ao partido, e quem sabe compor com o PSB, que hoje integra o governo Carlin.
O PRB também enfrenta problemas em Montes Claros e o prefeito Ruy Muniz (PRB) chegou a cogitar, no início do ano, sua ida para o PMDB para disputar a reeleição pela sigla, mas um acerto prévio entre PT e PMDB na cidade inviabilizou a mudança. Na maior cidade do norte mineiro, deve ser repetida a dobradinha entre os dois partidos, tendo como cabeça de chapa o secretário de Desenvolvimento e Integrado do Norte e Noroeste, Paulo Guedes (PT).
Em Uberlândia, a disputa promete ser acirrada, e o principal adversário do PT, que tentará a reeleição de Gilmar Machado, deve ser o ex-prefeito Odelmo Leão (PP), ligado aos tucanos, principalmente ao senador Aécio Neves (PSDB), que devem compor com ele na corrida contra o PT. Também deve entrar na disputa, mas por outra legenda, talvez pelo PSB, o deputado federal Welinton Prado, de malas prontas para deixar o PT.
Na vizinha Uberaba, o prefeito Paulo Piau (PMDB) costura um acordo com o PT, que aderiu recentemente ao seu governo. A oposição deve reunir o PSB, tendo como candidato o deputado estadual Antônio Lerin, e o PP.
ZONA DA MATA Em Juiz de Fora, a deputada federal Margarida Salomão (PT), que perdeu o segundo turno das eleições passadas para Bruno Siqueira (PMDB), tem dito que não é candidata, o que pode facilitar a vida do peemedebista. Quem pleiteia a candidatura própria na cidade é o deputado federal e presidente do PCdoB mineiro, Wadson Lima. Do lado da oposição, pode haver uma dobradinha entre PSB e PSDB, mas, por enquanto, a defesa é de que haja o lançamento de candidatura própria pelos dois partidos.
Pelo PSB o nome cotado é do deputado federal Júlio Delgado, e do lado tucano Rodrigo Mattos, filho do ex-prefeito Custódio Mattos. Rompido informalmente com seu partido, o deputado estadual Lafayette Andrada (PSDB) pode entrar no páreo, quem sabe pelo PSB e com o aval do prefeito de BH, Marcio Lacerda, presidente da legenda no estado.
Candidatura própria nas maiores cidades
O vice-governador e presidente do PMDB mineiro, Antônio Andrade, disse que a intenção do partido é ter candidatura própria nas maiores cidades do estado, incluindo a capital. Em 2012, o PMDB elegeu 122 prefeitos. Hoje comanda cerca de 140 cidades. “Queremos aumentar esse número em 2016”, afirma Andrade, que não esconde que o parceiro principal da legenda deve ser o PT e os partidos que integram a base do governador Fernando Pimentel na Assembleia.
Segundo ele, o PMDB já montou um grupo de trabalho para mapear a situação do partido em todas as cidades e, otimista, afirma que a legenda deve seguir liderando no comando das prefeituras. Depois desse mapeamento, que também tem sido feito pelo PT, os dois vão discutir caso a caso. Todos os principais esforços, no entanto, devem ser dirigidos às eleições na capital, muito cobiçada pelo PSDB.
O secretário-geral do PT, deputado estadual Cristiano Silveira, também assegura que PT e PMDB, ao contrário do que acontece nacionalmente, estão afinados no estado e devem caminhar juntos nos maiores colégios eleitorais. A intenção do PT, segundo ele, é manter o comando de todas as cidades onde o partido já governa, com foco principal nos munícipios acima de 50 mil habitantes, que são cerca de 80% do total de cidades.
Segundo turno
Cristiano não quis adiantar se o partido pode abrir mão de algumas candidaturas nas cidades com segundo turno para apoiar o PMDB, como vem sendo especulado, mas assegurou que se não der para compor no primeiro turno, no segundo é certo que haja essa aliança. Ele disse que o partido não teme um desgaste na disputa por causa da baixa aprovação da presidente Dilma Rousseff. “Os candidatos e a população sabem que o alinhamento com os governos estadual e federal facilita a governabilidade”.
O presidente do PSDB mineiro, deputado federal Domingos Sávio, afirma que a legenda também pretende investir nas cidades polo e que essa é uma orientação nacional, principalmente para o projeto do PSDB mineiro de eleger Aécio Neves presidente da República. Ele aposta no desgaste nacional do PT e afirma que isso vai favorecer as legendas de oposição. “E o PSDB hoje é o maior partido de oposição é o que mais representa a insatisfação da população”.
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