Sem o apoio das grandes cidades e municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, 578 prefeituras mineiras, a maioria de pequeno porte, fecharam as portas nessa segunda-feira (24) em protesto contra a queda de cerca de 10% nas transferências constitucionais do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Sem esforço de arrecadação própria e completamente dependentes desses repasses, os prefeitos viram o caixa minguar com a retração econômica que atingiu as fontes que abastecem o FPM: o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto de Renda (IR).
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Cerca de 450 prefeituras de Minas devem paralisar os serviços nesta segunda-feiraBalanço de paralisações de prefeituras mineiras será divulgado ainda hojeGreve de prefeitos não atinge grandes municípiosCorte de receita faz prefeituras de São Paulo reduzirem expedienteCom um discurso forte contra o governo federal, o presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM), Antônio Júlio (PMDB), voltou a pregarnessa segunda-feira o que chama de repactuação federativa, com a aprovação imediata do projeto de lei apresentado pela Frente Parlamentar de Prefeitos ao Congresso Nacional. “Não é possível a União continuar a concentrar 80% de tudo o que é arrecadado neste país e as cidades ficarem à míngua”, reclamou. Antônio Júlio anuncia novo movimento, agora nacional, para o mês que vem. “Vamos chamar agora uma paralisação nacional das prefeituras municipais”, anunciou.
Mas esta não é a disposição dos prefeitos das cidades maiores, que precisam não só negociar com o governo federal repasses e programas de grandes obras, como também com o governo do estado.
Sem interesse em aderir ao movimento, o presidente da Granbel, Carlos Murta (PMDB), bateu de frente com o colega de partido Antônio Júlio e passou a recomendar aos prefeitos da região metropolitana não aderirem à paralisação. Na Grande BH, apenas Taquaraçu e Mário Campos fecharam as portas. Nenhuma das grandes cidades mineiras aderiu. “ Há compreensão que a queda na arrecadação não se resolve com essa greve. Ao contrário.
Dependência
A adesão dos prefeitos à paralisação contra a queda dos repasses do governo federal foi mais elevada nas regiões mais pobres, onde há forte da dependência das prefeituras em relação FPM. Foi o caso do Norte de Minas, onde as prefeituras têm a situação agravada pelos efeitos devastadores da estiagem prolongada, que castiga a região pelo terceiro ano consecutivo. Segundo a Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), em torno de 80% das 85 prefeituras da região aderiram à paralisação, mantendo somente os serviços básicos de limpeza pública, saúde e educação.
“Fizemos o movimento com o objetivo de mostrar as dificuldades que as prefeituras estão passando e chamar atenção para a importância do repasse de mais recursos para os municípios”, afirmou o presidente da Amams, César Emílio Lopoes (PT). César Emílio é prefeito de Capitão Enéas, de 13,2 mil habitantes, cuja prefeitura foi fechada nessa segunda-feira e foi colocada em frente uma faixa com o lema do movimento: “Crise nos municípios: prefeituras para por você”.
Outro prefeito do Norte de Minas, Denilson Silveira (PCdoB), de Francisco Sá, disse que aderiu ao movimento de paralisação porque a prefeitura que administra não está conseguindo sobreviver diante das constantes quedas dos repasses do FPM. “O nosso problema é que não temos outras receitas como ISSQN (Imposto sobre Impostos de Qualquer Natureza) e o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Não conseguimos sobreviver sem os repasses federais. A população precisa ser conscientizada das nossas dificuldades”, disse.