São Paulo - O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso em regime preventivo na Operação Lava Jato desde 15 de abril, alega inocência e afirma que "não existe qualquer prova" de que arrecadou propinas milionárias para seu partido. Em alegações finais no processo a que responde na Justiça Federal no Paraná por corrupção e lavagem de dinheiro, Vaccari, por meio de seu advogado, o criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, afirma que o Ministério Público Federal se baseia exclusivamente na palavra de delatores da Lava Jato - o doleiro Alberto Youssef, o ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco e o empresário Augusto Mendonça.
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Preliminarmente, D’Urso sustenta "a nulidade por incompetência do juízo da 13.ª Vara Federal para julgar o processo". Ele afirma que houve "cerceamento da defesa de Vaccari".
Nas alegações finais, D’Urso diz que não existe qualquer prova que sustente a acusação do Ministério Público Federal, "pois nem durante a investigação, nem durante todo o processo, nenhuma prova foi colhida contra Vaccari".
"A defesa está confiante, pois esse processo tem base apenas em delações premiadas de Alberto Youssef, Pedro Barusco e Augusto Mendonça”, disse D’Urso. “Durante toda instrução processual nada foi obtido contra Vaccari que pudesse caracterizar uma prova a corroborar as informações dos delatores." O criminalista é categórico. "É sempre bom advertir que a lei proíbe que uma sentença condene alguém exclusivamente com base em delação premiada."
A defesa ainda sustenta que, apesar disso, ficou demonstrado que as delações não incriminam Vaccari.
O criminalista protesta contra a ordem e manutenção da prisão preventiva do ex-tesoureiro do PT. "A defesa volta a afirmar que jamais existiram razões para a decretação da prisão preventiva e insiste no pedido de liberdade de Vaccari."
A denúncia do Ministério Público Federal tem 270 páginas. D’Urso sustenta que "somente 12 páginas referem-se a Vaccari, sendo que em nenhuma dessas referências foi apresentada uma prova sequer contra ele, o que obriga a sua absolvição"..