Brasília - O doleiro Alberto Youssef reafirmou nessa terça-feira (25), durante acareação na CPI da Petrobras com o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, acreditar que a presidente Dilma e o seu antecessor imediato, Luiz Inácio Lula da Silva, sabiam do esquema de propinas. Como já havia dito em depoimento em maio, ele disse que era difícil o alto escalão do governo não ter conhecimento da corrupção na petroleira. Apesar disso, o doleiro afirmou não saber sobre a participação deles em crimes. “Não estou protegendo Lula, não o conheço, não tenho por que protegê-lo”, declarou.
“Tem outro réu colaborador que está falando, eu não fiz esse repasse. Assim que essa colaboração for notificada, vocês vão saber realmente quem foi que pediu recurso e quem repassou esse recurso”, afirmou. Até momento, há 28 acordos de delação premiada, segundo o Ministério Público. Pelo menos 11 foram fechados nos últimos dois meses, sendo quatro operadores de estaleiros que constroem navios para o pré-sal. Costa reafirmou que o repasse para a campanha de Dilma, feito a pedido de Palocci, foi operado por Youssef, que voltou a negar participação no caso.
O doleiro foi questionado pelo petista Jorge Solla (BA) sobre o suposto esquema de corrupção envolvendo Furnas e os tucanos de Minas, mais precisamente sobre a participação do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que teria recebido propina da estatal. Youssef disse que ouviu falar do esquema, que foi relatado a ele na época pelo ex-deputado José Janene (PP-PR).
Apesar das contradições, não houve confronto entre Youssef e Paulo Roberto Costa durante a acareação. O ex-diretor defendeu a manutenção das empreiteiras investigassdas na Lava-Jato por causa da experiência delas no setor de engenharia. “As pessoas que erraram devem pagar pelos seus erros, mas acabar com empresas de 60, 70 e 80 anos tem que ser uma decisão muito pensada, porque são elas que têm tecnologia de engenharia, o que você não consegue de um dia para outro.”