O clima para a sabatina do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta quarta-feira será de tensão. Dos 81 senadores, 11 são investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Desses, oito são titulares do colegiado. Além deles, a presença do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), denunciado por Janot na semana passada, pode causar controvérsias. A expectativa é de que a sessão seja longa e repleta de questionamentos dos parlamentares, mas o entendimento, com o aval do PT e do PMDB, deve ser pela aprovação de Janot.
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Na véspera de sabatina no Senado, Collor volta a chamar Janot de mentirosoJanot deve encontrar clima favorável em sabatina na CCJ do SenadoÀs vésperas de sabatina, Collor chama Janot de 'fascista da pior extração'PMDB fecha acordo para aprovar Janot no SenadoSegundo interlocutores de Janot ouvidos pelo Correio, ele espera que Collor tente constrangê-lo com perguntas grosseiras. Nessa terça-feira (25), o senador voltou a usar a tribuna do plenário para criticar o procurador. “Ele vem fazendo da Procuradoria-Geral da República uma ação política, visando, naturalmente, intimidar o Congresso Nacional”, afirmou o parlamentar. Na segunda-feira, o senador chamou Janot de “sujeitinho a toa” e, no último dia 6, xingou-o em plenário. Como Collor é suplente na CCJ, só poderá votar se os três titulares do Bloco Parlamentar União e Força, do qual faz parte, não estiverem presentes. Ele já apresentou voto em separado, criticando o parecer do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), favorável à recondução de Janot.
O procurador-geral encaminhou ao STF denúncia contra Collor por suposto envolvimento em corrupção na Petrobras.
Respeito
Para Renan Calheiros, a sabatina deve ocorrer com “normalidade”. “Acho que a maior demonstração que o Senado pode dar de ação nesse caso é fazer uma apreciação da indicação com normalidade, com respeito”, afirmou. Segundo o peemedebista, o funcionamento adequado das instituições no Brasil deve garantir a aprovação, apesar do fato de parlamentares serem alvo de investigações.
Na avaliação do senador Jorge Viana (PT-AC), a recondução tomará o dia da Casa Legislativa, mas ele aposta em um resultado positivo. “O Senado é a mais antiga instituição da República. Certamente, haverá uma tremenda controvérsia, mas acho que o clima, de modo geral, será de tranquilidade”, afirmou. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), concorda que o nome de Janot deve ser aprovado e não vê os questionamentos como um problema.