Durou mais de 10 horas a sabatina do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Após ser aprovado para continuar no cargo - por 26 votos favoráveis e um contrário -, o nome dele agora precisa ser chancelado pelo plenário da Casa. A previsão é que esta análise ocorra ainda na sessão desta quarta-feira, já que tramita em regime de urgência. Principal marca de suia gestão à frente da PGR, a investigação da Operação Lava-Jato tomou maior parte do tempo das perguntas dos senadores e, por consequência, das respostas de Janot.
Rodrigo Janot foi o candidato mais votado pelos representantes do Ministério Público de todos país. Ele recebeu a indicação da presidente Dilma Rousseff (PT) para continuar no cargo.
Logo no início da sabatina, o clima ficou tenso com a participação do senador Fernando Collor (PTB/AL). O parlamentar fez duras acusações contra Janot. Oe o acusou de ser um "catedrático" em vazamentos de informações de investigações. Collor questionou se Janot tem como estratégia repassar dados a grandes veículos de comunicação. Janot, por sua vez, deu início às respostas aos questionamentos com a afirmativa de que seu trabalho é profissional. "Minha posição é, foi e será firme no combate à corrupção", disse.
O clima da participação de Collor foi tenso e Janot pediu por mais de uma vez para não ser interrompido pelo senador. "Vossa excelência não me interrompa", disse Janot, pedindo que tivesse seu direito de manifestação assegurado pelo colegiado. Ao ter sua fala interrompida mais uma vez por Collor, Janot repetiu: "Posso esclarecer, senador. Posso lhe esclarecer?" As interrupções foram feitas enquanto Janot respondia a questionamento feito por Collor sobre a atuação do PGR como advogado em uma causa que envolve a Braskem, empresa da qual a Petrobras tem participação acionária.
Durante sua fala, o procurador-geral da República defendeu enfaticamente a delação premiada como instrumento decisivo nas investigações para desmontar poderosas organizações criminosas. Ele destacou que a Itália conseguiu desativar a Máfia a partir das revelações do delator Tommaso Buscetta, nos anos 1980. "Só foi possível o desbaratamento da máfia italiana com a colaboração premiada. A primeira pessoa que derrubou uma grande organização criminosa, vocês vão lembrar do nome, foi Tommaso Buscetta.
Ainda segundo Rodrigo Janot, a denúncia contra o senador Fernando Collor (PTB/AL) e do deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ) já foram feitas porque as investigações estão mais maduras. Os dois são acusados de corrupção em denúncia protocolada no STF. Segundo ele, todos os inquéritos foram instaurados ao mesmo tempo, mas as investigações, devido as circunstâncias, podem ter tempos diferentes.
O procurador ainda rechaçou a hipótese de vazamento seletivo das informações da Operação Lava-Jato. Segundo ele, os jornalistas sempre têm acesso as informações, desde que o inquérito não corra em sigilo.
Ainda sobre a Lava-Jato, Rodrigo Janot disse que o esquema de corrupção praticado na Petrobras é algo que ele nunca tinha visto até então. "A Petrobras, ela foi e é alvo de um mega esquema de corrupção. Um enorme esquema de corrupção. Eu, com 31 anos de Ministério Público, jamais vi algo precedente", disse.
Além de Collor, outros parlamentares investigados por Janot na Operação Lava Jato apareceram para registrar o voto e participar da sabatina, como os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Ciro Nogueira (PP-PI), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Humberto Costa (PT-PE).
Com Agência Estado