Pressionada por todos os lados, a presidente Dilma Rousseff (PT) ganhou pelo menos um fôlego extra nessa quarta-feira no Tribunal de Contas da União (TCU), que estendeu em mais 15 dias o prazo para que ela explique as supostas irregularidades nas contas do governo em 2014 – as chamadas pedaladas fiscais. Mas se teve alívio num tribunal, em outro – no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – a pressão ficou mais forte. Com a manifestação dos ministros Luiz Fux e Henrique Neves da Silva a favor da continuidade da ação de impugnação de mandato eletivo (Aime) apresentada pelo PSDB em fevereiro, já há maioria na Corte Eleitoral para o andamento de mais um processo contra Dilma. Agora, são quatro ações, todas do PSDB, que citam, além de suposto abuso de poder econômico e fraude na campanha, o financiamento que teria sido feito mediante doações oficiais de empreiteiras contratadas pela Petrobras suspeitas de integrar um esquema de distribuição de propinas.
Leia Mais
MP de Contas investiga suspeita de pedaladas de Dilma em 2015Relator das contas de Dilma evita se posicionar, mas diz que dados das pedaladas são relevantesRenan sinaliza que vai protelar votação sobre pedaladas fiscaisApesar do pedido da ministra Luciana Lóssio, formou-se maioria de quatro ministros, entre os sete da Corte, favoráveis ao recurso do PSDB para dar continuidade à ação, que havia sido arquivada. Não há data para que o julgamento seja retomado, mas até o seu final os ministros Luiz Fux, Henrique Neves, João Otácio de Noronha e Gilmar Mendes, relator que se manifestaram pelo desarquivamento ainda podem mudar o voto. Segundo Gilmar Mendes, há “vários indicativos” de que a campanha de reeleição de Dilma teria sido beneficiada por propina. Uma eventual rejeição das contas poderia levar à abertura de procedimento de cassação do diploma da presidente e do vice.
O PSDB faz acusações de abuso de poder político, econômico e fraude na campanha do PT do ano passado, o que, segundo os tucanos, tornaria ilegítima a eleição de Dilma. Há outras acusações. A mais grave remexe nas delações premiadas da Operação Lava-Jato e alega que haveria “financiamento de campanha mediante doações oficiais de empreiteiras contratadas pela Petrobras como parte da distribuição de propinas”.
Depoimentos A ação que neste momento está em estágio mais avançado é a chamada Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije). Foi apresentada pelo PSDB em dezembro do ano passado, no mesmo dia em que Dilma foi diplomada. Relatado por João Otávio de Noronha, o processo já colheu depoimentos do doleiro Alberto Youssef, considerado operador do esquema de corrupção da Petrobras, do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, acusado de desviar recursos de contratos superfaturados, e de Herton Araújo, ex-diretor do Instituto de Pesquisas Avançadas (Ipea).
11 de setembro No Tribunal de Contas da União a notícia ontem foi boa para o Executivo. Em sessão, a corte aceitou o pedido do governo para que fosse estendido o prazo do envio de esclarecimentos sobre o processo que analisa as contas do governo Dilma de 2014 e apura a realização das manobras para aliviar, momentaneamente, as contas públicas, que estão sendo chamadas pedaladas fiscais. Há duas semanas, o TCU já havia dado prazo de 15 dias, que se encerraria hoje, para que Dilma apresentasse novos esclarecimentos sobre as contas de 2014. Na ocasião, o TCU cobrou explicações sobre irregularidades apontadas pela corte e que no primeiro momento não foram incluídas no processo.
O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, afirmou que o objetivo do governo não é atrasar o processo, mas sim garantir a qualidade da decisão. Inicialmente contrário à concessão de novo prazo, o relator do processo, ministro Augusto Nardes, mudou de ideia depois de uma conversa na terça passada com Adams, que manifestou a intenção de recorrer, caso o TCU negasse o pedido. “O governo teria direito a um agravo, o que poderia demorar mais do que 15 dias. O regimento interno faculta essa possibilidade. (...) Com essa decisão, o governo não poderá solicitar o agravo”, esclareceu Nardes.
.