Brasília – O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi notificado oficialmente da denúncia enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra ele pelos supostos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no esquema de corrupção da Petrobras. Com isso, Cunha tem até 9 de setembro para entregar sua defesa à corte. A lei estabelece prazo de 15 dias, a partir de notificação, para apresentação da defesa. O peemedebista nega vinculação com os desvios na estatal.
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Cunha cria comissão para discutir financiamento sindicalCunha embarca amanhã para Nova York'Não votamos agenda, votamos projeto', diz Cunha sobre 'Agenda Brasil'Lobista diz que abriu conta na Suíça para pagar Eduardo CunhaLobista do PMDB fecha acordo de delação premiada na Operação Lava-JatoCunha se recusa a comentar manifesto que pede seu afastamentoTambém denunciado pelo procurador-geral, o senador Fernando Collor (PTB-AL) não havia sido localizado até ontem para receber a notificação. Portanto, o prazo dele ainda não começou a ser contado. Quando determinou as notificações, o relator dos casos relacionados à Lava-Jato no Supremo, ministro Teori Zavascki, ressaltou que a providência poderia ser tomada a “qualquer dia e hora”.
Após a apresentação da defesa, Zavascki, vai pedir contrarrazões de Janot. Na sequência, o procurador-geral prepara seu voto e submete a denúncia aos outros ministros do STF que decidirão, em sessão plenária, se acolhem ou rejeitam a denúncia – ainda não há prazo para a decisão. Se acolhida, a denúncia é transformada em ação penal e Cunha passa à condição de réu.
Navios-sonda
Segundo a denúncia, o presidente da Câmara recebeu “ao menos” US$ 5 milhões pagos por Júlio Camargo, operador do esquema propina ligado à Toyo Setal, por meio do lobista Fernando Soares, o Baiano. Os pagamentos ocorreram, segundo a PGR, entre 2007 e 2012, após o fechamento de contratos entre a Petrobras e a Samsung Heavy Industries para fornecimento de dois navios-sonda para a estatal do petróleo no valor total de US$ 1,2 bilhão.
A investigação confirmou trechos das declarações prestadas por Camargo em acordo de delação premiada, como encontros no Rio em que o delator teria relatado as pressões de Cunha. Porém, não conseguiu identificar contas bancárias controladas diretamente por Cunha que teriam sido beneficiadas com os repasses de Baiano. Para a PGR, os indícios foram suficientes para a denúncia.
Segundo o doleiro Alberto Youssef e Camargo disseram em seus acordos de delação premiada, o objetivo dos requerimentos era pressionar pelo pagamento de propina a Cunha e Baiano. Camargo disse que em reunião, em setembro de 2011, Cunha foi “irredutível” e teria dito: “Eu não sei da história nem quero saber. Eu tenho um valor a receber do Fernando Soares e que ele atrelou a você”. Camargo disse que Cunha nesse momento “solicitou expressamente a quantia de US$ 5 milhões”. Segundo Janot, Cunha era “sócio oculto” de Baiano e “o destinatário final da propina paga”.
Sindicalistas
Eduardo Cunha se reuniu ontem com sindicalistas e não comentou a notificação. Ele prometeu colocar em votação ainda esta semana projeto de lei que beneficia trabalhadores que não puderam ter acesso ao seguro-desemprego no período de tramitação da Medida Provisória 665 no Congresso. Essa foi uma das demandas apresentadas em reunião da tarde desta quarta, 26, com representantes da Força Sindical e outras centrais sindicais. Os dirigentes disseram que 47 mil pessoas deixaram de receber o benefício porque o texto original da MP previa que o trabalhador só teria acesso ao seguro-desemprego a partir de um ano e meio de carteira assinada.