O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu vai ficar em silêncio na CPI da Petrobras. A informação é do advogado Roberto Podval, defensor de Dirceu. "Em respeito à CPI, naturalmente, ele (Dirceu) vai acatar a intimação, mas não posso permitir que ele fale à Comissão Parlamentar de Inquérito antes de falar ao juízo", declarou Podval, em referência a Sérgio Moro, magistrado da Operação Lava-Jato, que decretou a prisão do ex-ministro, em 3 de agosto, por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
Leia Mais
CPI da Petrobras aprova convocação de José DirceuRelator da CPI da Petrobras diz que depoimento de Dirceu agora é justificávelDocumentos indicam atuação de José Dirceu na PetrobrasCPI da Petrobras ouve José Dirceu e mais quatro nesta segunda-feiraCPIs bancadas por Cunha investem contra Dirceu e ex-presidente LulaA Polícia Federal e o Ministério Público Federal suspeitam que Dirceu recebeu propinas do esquema de corrupção instalado na Petrobras entre 2004 e 2014. A força-tarefa da Lava Jato afirma que Dirceu foi o 'instituidor' do esquema de cartel e propinas na estatal.
"Ele (Dirceu) é obrigado a comparecer à CPI, não tem opção", declarou Roberto Podval. "Mas acho prematura essa convocação porque o ex-ministro nem sequer foi denunciado pela Procuradoria da República. Dirceu é investigado, está preso, mas não é réu. Até por respeito ao próprio Judiciário não pode falar à CPI antes de falar com o juiz (Sérgio Moro).
Podval disse que 'não há necessidade' de ingressar com habeas corpus para assegurar a Dirceu o direito ao silêncio diante dos deputados. "Dirceu tem direito a ficar em silêncio. Tenho certeza que a CPI respeita as leis que o próprio Congresso fez. Não tenho dúvida que os deputados irão respeitar o silêncio previsto na Constituição. Não pretendo entrar com habeas corpus."
O advogado avalia que é 'falta de respeito' com o juiz Dirceu falar antes à CPI. "Dirceu não pode falar agora à CPI, um depoimento político não pode anteceder um depoimento jurídico.".