A passagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por Belo Horizonte, ontem, foi marcada por tumulto em frente ao Chevrolet Hall, onde o líder petista participou do 12º Congresso Estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Minas Gerais, que fez um ato em defesa da Petrobras e da democracia. Manifestantes contrários ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e os militantes aliados do petista chegaram a entrar em confronto, sendo preciso a intervenção da Polícia Militar para apaziguar os ânimos. Desde às 16h30, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da CUT, de um lado, e do Movimento Brasil Livre (MBL) e do Patriota, do outro, dividiam o espaço na Avenida Nossa Senhora do Carmo, Região Centro-Sul de BH, à espera do ex-presidente.
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Boneco 'Lula inflado' faz 'tour' por pontos turísticos de SPEm evento da CUT, Lula convoca militância em defesa do governo Dilma Lula faz discurso no Chevrolet Hall depois que manifestantes entraram em conflitoLula diz que quer evitar a volta de quem 'nunca fez nada pelo país'Lula almoça em BH com o governador Fernando PimentelLula defende volta da CPMF e diz que tributo nunca deveria ter sido extintoLula diz que voltou a voar e que se posicionará mais sobre o BrasilO clima ficou tenso quando os opositores ao PT fizeram um panelaço, chamando Lula de “ladrão” e “chefe da quadrilha”, e invadiram a avenida atrapalhando o trânsito. A Polícia Militar teve de intervir, usando spray de pimenta para impedir o confronto entre os manifestantes. Uma mulher ignorou os pedidos dos policiais para não atravessar a avenida e partiu para provocar os militantes petistas, chamando-os de “vagabundos”. Ela acabou se envolveu em uma briga com os apoiadores do governo. Muitos motoristas fizeram buzinaço ao passar pelo local apoiando o protesto anti-Lula.
AGENDA Lula chegou com uma hora e meia de atraso ao Chevrolet Hall, que não foi totalmente ocupado pela militância. Ele entrou no palco de braços dados com a presidente da CUT em Minas, Beatriz Cerqueira, e foi recebido pelo público com gritos de ‘Lula, guerreiro do povo brasileiro’. Depois de distribuir autógrafos, ganhar camisas e ouvir discursos de “não vai ter golpe”, o petista repetiu a declaração, feita a uma rádio pela manhã, de que pode concorrer de novo à Presidência, em 2018. “Tem gente pensando: o Lula tá velhinho, o Lula tá cansado, o Lula não sei das quantas. Eu jamais vou dizer para alguém que sou candidato, mas eu também jamais vou dizer que não sou. Enquanto eu tiver fôlego, perna e puder, vou percorrer este país”, afirmou.
O ex-presidente se dirigiu aos opositores, dizendo que é legítimo eles não concordarem com o governo e protestarem, mas, se quiserem chegar ao Palácio do Planalto, vão ter de esperar 2018 para disputar e ganhar as eleições. Segundo ele, o cargo não será conquistado “com um golpe para tirar a presidente Dilma”.
Pela manhã, logo depois do desembarque no Aeroporto da Pampulha, o ex-presidente se encontrou com o governador Fernando Pimentel (PT), com quem almoçou no Palácio das Mangabeiras. À tarde, ele teve uma reunião a portas fechadas da executiva estadual do PT, em um hotel da capital mineira. Quem entrou teve de deixar o celular do lado de fora. Lula disse aos parlamentares que o PT precisa reencontrar sua narrativa neste momento de crise e dar de novo fervor à militância.
CANDIDATURA Na manhã de ontem, antes de embarcar para Belo Horizonte, em entrevista à Rádio Itatiaia, Lula afirmou pela primeira vez que, se for preciso, disputará a Presidência da República. O ex-presidente declarou que tem como objetivo “tentar fazer com que essa gente que nunca fez nada pelo país, que nunca se preocupou com a educação e com políticas sociais, que governou para um terço da população, não volte a governar”.
Na entrevista, Lula disse que Dilma, e também ele, não sabiam da corrupção na Petrobras. “Eu não sabia, a Polícia Federal não sabia, a imprensa não sabia, o Ministério Público não sabia.
MEA CULPA O ex-presidente fez ainda um mea-culpa sobre o envolvimento do PT na corrupção na estatal. Segundo ele, o PT “cresceu demais e cometeu desvios porque começou a fazer política como outros partidos”. Lula disse não acreditar em um eventual impeachment da presidente Dilma. Para ele, a situação vai melhorar quando os resultados do pacote fiscal do governo começarem a surtir efeito..