Brasília – A Odebrecht voltou a usar o silêncio sobre temas fundamentais investigados na Operação Lava-Jato na sua relação com o Judiciário e com a sociedade. Um dos principais motivos da estratégia foi a apresentação do Ministério Público ao denunciar o presidente da corporação, Marcelo Odebrecht, e outras pessoas ligadas à empresa. Na ocasião, os procuradores confrontaram declarações da empresa de que não possuía contas bancárias no exterior com documentos bancários atestando a propriedade de contas que levaram dinheiro até ex-diretores da Petrobras acusados de receberem propina. Nem a resposta à acusação, feita por uma banca de advogados, tratou do conteúdo das acusações contra a maior construtora do país.
Até a prisão de seu principal líder, a empresa evitava tratar do assunto quando era levantada alguma suspeita de corrupção. À Justiça e à imprensa, a Odebrecht se limitava a negar, sempre “veementemente”, práticas ilegais de cartel, superfaturamento, propina e lavagem de dinheiro. Quando a Polícia Federal coloca Marcelo Odebrecht atrás das grades, há uma guinada. A empresa fez questão de publicar um comunicado nos principais jornais brasileiros, desmentindo as suspeitas, e criticando a PF, a Procuradoria e o juiz da 13ª Vara Federal, Sérgio Moro, com expressões como “medidas desnecessárias”, “ilegais” e que eram “uma afronta aos princípios mais básicos do Estado de Direito”.
No texto, rebateu um dos argumentos da Polícia Federal, o de que a propina de contratos da Petrobras escorreu da empreiteira, passando pela Constructora Del Sur, do Panamá, até chegar a ex-diretores da estatal. “Quanto aos pagamentos supostamente realizados pela Constructora Internacional del Sur, a Odebrecht reitera que nenhuma de suas empresas possui, nem nunca possuiu, qualquer vínculo nem efetuou qualquer pagamento à referida empresa”, garantiu a empresa, no comunicado publicado em 22 de junho. Em outro comunicado, de 21 de julho, assegurou: “A Odebrecht nega ter feito qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer político, executivo ou ex-executivo da estatal”.
Mas as palavras da empresa foram usadas contra eles próprios. Na avaliação de uma importante fonte ligada ao caso, o método e o conteúdo dos argumentos da empreiteira não eram simplesmente um “ataques às instituições”, mas também um problema técnico pois produzia provas contra a construtora. Ao apresentar a denúncia contra Marcelo Odebrecht e outros executivos do grupo, o procurador Deltan Dallagnol comparou as afirmações de 22 de junho e 21 de julho com documentos mostrando contas no exterior – administradas pela empreiteira – com repasses para ex-diretores da Petrobras. “Nós nos aproximamos da verdade por meio de provas e documentos”, disse ele. “Não existem teorias da conspiração.”
Principalmente depois desse episódio, a Odebrecht silenciou. Passou a atacar vícios no processo, começando por “vazamentos” em processos públicos. Segundo a advogada Dora Cavalcanti, que trabalhou com o falecido criminalista Márcio Thomaz Bastos e atua junto com Nabor Bulhões no caso, a PF está anexando, ao processo, papéis que nada têm a ver com a investigação. Isso expõe a vida privada de familiares de Marcelo Odebrecht. “Estamos estudando a denúncia: não tem nada de diferente nisso”, limitou-se a dizer Dora à reportagem.
Até a prisão de seu principal líder, a empresa evitava tratar do assunto quando era levantada alguma suspeita de corrupção. À Justiça e à imprensa, a Odebrecht se limitava a negar, sempre “veementemente”, práticas ilegais de cartel, superfaturamento, propina e lavagem de dinheiro. Quando a Polícia Federal coloca Marcelo Odebrecht atrás das grades, há uma guinada. A empresa fez questão de publicar um comunicado nos principais jornais brasileiros, desmentindo as suspeitas, e criticando a PF, a Procuradoria e o juiz da 13ª Vara Federal, Sérgio Moro, com expressões como “medidas desnecessárias”, “ilegais” e que eram “uma afronta aos princípios mais básicos do Estado de Direito”.
No texto, rebateu um dos argumentos da Polícia Federal, o de que a propina de contratos da Petrobras escorreu da empreiteira, passando pela Constructora Del Sur, do Panamá, até chegar a ex-diretores da estatal. “Quanto aos pagamentos supostamente realizados pela Constructora Internacional del Sur, a Odebrecht reitera que nenhuma de suas empresas possui, nem nunca possuiu, qualquer vínculo nem efetuou qualquer pagamento à referida empresa”, garantiu a empresa, no comunicado publicado em 22 de junho. Em outro comunicado, de 21 de julho, assegurou: “A Odebrecht nega ter feito qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer político, executivo ou ex-executivo da estatal”.
Mas as palavras da empresa foram usadas contra eles próprios. Na avaliação de uma importante fonte ligada ao caso, o método e o conteúdo dos argumentos da empreiteira não eram simplesmente um “ataques às instituições”, mas também um problema técnico pois produzia provas contra a construtora. Ao apresentar a denúncia contra Marcelo Odebrecht e outros executivos do grupo, o procurador Deltan Dallagnol comparou as afirmações de 22 de junho e 21 de julho com documentos mostrando contas no exterior – administradas pela empreiteira – com repasses para ex-diretores da Petrobras. “Nós nos aproximamos da verdade por meio de provas e documentos”, disse ele. “Não existem teorias da conspiração.”
Principalmente depois desse episódio, a Odebrecht silenciou. Passou a atacar vícios no processo, começando por “vazamentos” em processos públicos. Segundo a advogada Dora Cavalcanti, que trabalhou com o falecido criminalista Márcio Thomaz Bastos e atua junto com Nabor Bulhões no caso, a PF está anexando, ao processo, papéis que nada têm a ver com a investigação. Isso expõe a vida privada de familiares de Marcelo Odebrecht. “Estamos estudando a denúncia: não tem nada de diferente nisso”, limitou-se a dizer Dora à reportagem.