Brasília, 01 - A diretora de Comércio Exterior do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciene Ferreira Monteiro Machado, enfatizou nesta terça-feira, 1, que o ex-presidente Lula não teria como influenciar decisões de financiamento do banco de fomento a obras no exterior. A diretora foi questionada pelo deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), que defendeu a convocação e a quebra de sigilos de Lula pela CPI do BNDES na Câmara.
"Em todas as suas operações, o BNDES atua por meio de procedimento consolidado. Temos um procedimento de dois colegiados e equipes técnicas e jurídicas que intervêm em diversas fases do projeto. Esses procedimentos fazem com que o tráfico de influência não seja possível dentro da nossa instituição", respondeu, em depoimento à CPI.
Luciene disse também que não há "conteúdo ideológico" na escolha dos países que são beneficiados com financiamentos do banco para obras de infraestrutura executadas por empresas brasileiras. Ela citou que a instituição já firmou contratos de crédito com 45 países, em sua maioria localizados na América Latina e na África.
"Essas operações são feitas com países em desenvolvimento, como o Brasil, que são o mercado natural para as soluções de infraestrutura oferecidas pelas companhias brasileiras. Não há conteúdo ideológico na escolha desses países. O apoio do BNDES é importante em mercados em desenvolvimento onde a oferta de financiamento é fundamental para que as companhias brasileiras enfrentem a concorrência por esses serviços", completou.
BNDESPar
Em seu depoimento à CPI, o vice-presidente do BNDES, Wagner Bittencourt, disse que a participação do BNDESPar em companhias do setor de carnes, como a JBS, tem sido positiva para o braço de investimentos do banco de fomento. Segundo ele, o resultado da instituição nos últimos dois anos no setor foi de R$ 5,8 bilhões. "A carteira da BNDESPar é muito rentável e o setor de carnes deu muito resultado para o banco", respondeu.
Bittencourt elogiou o fato do Grupo JBS ser o maior produtor de carnes do mundo e lembrou que a companhia entrou no mercado aproveitando cenário internacional de crise para comprar uma série de empresas. "Obviamente, ter a maior produtora de carnes do mundo é importante para o País. É um mérito essa empresa existir e ela tem uma grande cadeia de fornecedores", afirmou.
Questionado pelo deputado Andre Moura (PSC-SE), Bittencourt negou que as decisões de financiamento de campanhas eleitorais pela JBS tenham passado pelas diretorias ou pelo conselho de administração do BNDES. "Doações de campanha por empresas são permitidas por lei", limitou-se a responder.