Brasília - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um parecer contrário ao recurso da Câmara dos Deputados que questiona a decisão do ministro Luis Roberto Barroso de indicar que contas de presidentes da Republica devem ser apreciadas em sessão conjunta do Congresso, com deputados e senadores.
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Advogados de Dilma contestam decisão de reabrir contas de campanhaGoverno federal acumula três anos de rombo nas contasOposição critica pedido de Janot para arquivar investigação de contas de DilmaDenúncia aponta que dinheiro lavado com ajuda de Meire Poza teria abastecido contas de CollorSem decisão final, STF libera votação de contas presidenciais na CâmaraCunha atribui problemas do país à omissão dos que se ausentam da políticaO presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou na ocasião que iria recorrer da decisão ao STF. A Câmara dos Deputados argumentou, ao Supremo, uma serie de questões processuais - como a falta de legitimidade das partes e perda do objeto da ação. Em parecer enviado ao STF, Janot opinou no sentido de não conhecer o agravo proposto por Cunha. Para o procurador-geral da República, além de as questões processuais do mandado de segurança analisado estarem de acordo com o exigido, não há "interesse de agir" da Câmara na questão.
Segundo Janot, embora Barroso tenha sinalizado o entendimento sobre a apreciação das contas presidenciais, o conteúdo da decisão liminar concedida pelo ministro foi favorável para a Câmara.
O ministro do STF decidiu que o que já havia sido apreciado não seria revogado, mas determinou que as próximas votações fossem feitas na sessão mista entre Senado e Câmara.
Antes da decisão de Barroso, a distribuição da análise de contas presidenciais era feita de forma alternada para cada uma das Casas Legislativas após passar pela Comissão Mista de Orçamento. A senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) questionou no STF no entanto o procedimento após a Câmara aprovar urgência para apreciar quatro contas presidenciais antigas e abrir caminho para receber a prestação de Dilma.
Janot aponta que o plenário do STF ainda terá de se debruçar sobre a questão das contas, visto que a decisão de Barroso tem caráter liminar (provisório). "Não há lesividade a ser considerada em ato decisório que, como dito, não reflete (pelo menos neste momento processual) o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, o qual ainda não se pronunciou em definitivo sobre a matéria. Em consequência, carece a agravante de interesse recursal", escreveu o procurador-geral da República, que sugere que a Corte não admita o seguimento do recurso de Cunha.
O agravo da Câmara está previsto para ser discutido em plenário na sessão de amanhã, 3, quando os ministros decidem se admitem ou não o recurso contra a decisão de Barroso. Na manifestação encaminhada ao STF, Janot aponta que deve opinar sobre o mérito da discussão sobre o procedimento de votação das contas presidenciais quando a questão tiver andamento na Corte..