Curitiba, 02 - Durante a acareação promovida pela CPI da Petrobras em Curitiba, cidade-sede da Lava Jato, nesta quarta-feira, 2, o ex-diretor de Serviços da estatal petrolífera Renato Duque acusou seu delator, o empresário Augusto Mendonça, da Toyo Setal, de "roubar" parte de dinheiro de propina relativa a dois contratos com um consórcio.
Na abertura dos trabalhos da CPI, Duque avisou que ficaria em silêncio, seguindo orientação de seus advogados. Mas rompeu o silêncio cada vez que lhe interessava, especialmente para atacar seu delator. Nesses momentos da sessão, ele passou de acusado a acusador.
"Eu estou sendo acusado nos dois contratos. Eu li e reli e não bate. Ele (Mendonça) recebeu dinheiro do consórcio para repassar propina. Não bate. Dos R$ 110 milhões que ele diz que recebeu para pagar propina diz que repassou só R$ 33 milhões. Ele roubou do consórcio."
Duque, o delator e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto ficaram frente a frente na CPI da Petrobras.
Ao rebater as informações de Mendonça, o ex-diretor da Petrobras citou o lobista Júlio Camargo, também delator da Lava Jato, que agiu como intermediário na rede de propinas. Mendonça declarou à força-tarefa da Lava Jato que recebeu R$ 110 milhões para repassar. Uma parte, R$ 33 milhões, teria sido destinada a Júlio Camargo.
"Os números não batem. É matemática. É pegar os R$ 33 milhões para o Júlio Camargo. Mas recebeu R$ 110 milhões.
Questionado pela CPI, Mendonça declarou. "Eu entendo que ele (Duque) está num processo de defesa. Está sendo julgado, vai apresentar sua defesa e está aqui se justificando e não respondendo as questões."
O ex-diretor voltou à carga. "Não é opinião, é matemático. Onde é que ele enfiou esse dinheiro? É ele que tem que explicar, não sou eu que tem que explicar", disse
"Eu entreguei ao Ministério Público todos os contratos e todas as notas fiscais que mostram a saída dos recursos. Entreguei também as contas que me foram indicadas para depositar isso. São os documentos que eu tenho", respondeu Mendonça..