Porto Alegre, 03 - Os servidores estaduais do Rio Grande do Sul estão prolongando a greve geral que estava prevista inicialmente para acabar nesta quinta-feira, 3. Os rumos da paralisação serão discutidos na tarde desta sexta-feira, 4, em assembleia unificada, mas uma das principais categorias do movimento, a dos professores, já definiu que não retomará as atividades antes do dia 11. Iniciada na última segunda-feira, a mobilização é um protesto contra o parcelamento dos salários do funcionalismo estadual e afeta serviços essenciais como ensino e segurança pública.
Ainda na noite de quarta-feira, 2, o sindicato dos professores estaduais (CPERS) decidiu manter a greve pelo menos até o dia 11 de setembro. Já os policiais civis optaram por estender a mobilização a esta sexta, mantendo o esquema de atendimento apenas para casos de urgência e envolvendo idosos, crianças e deficientes. Uma nova prorrogação pode ocorrer, dependendo do que for definido na assembleia unificada.
A manifestação também afeta a Brigada Militar. Nesta quinta-feira, familiares dos policiais protestaram novamente e fizeram bloqueios na entrada de quartéis de Porto Alegre e de outras 16 cidades do Estado, impedindo a saída de viaturas. A falta de policiamento nas ruas chegou a provocar, por questões de segurança, o fechamento de algumas agências bancárias na capital, principalmente fora da região central.
O quarto dia de greve também foi marcado pelo protesto de servidores na sede da Assembleia Legislativa. Eles lotaram o plenário, no final da manhã, para acompanhar uma audiência pública sobre as finanças do Estado.
O objetivo da mobilização era firmar posição contra um projeto de lei proposto pelo governador José Ivo Sartori (PMDB) que limita os gastos do Executivo, ameaçando o reajuste do funcionalismo.
Na sequência, o grupo de servidores, estimado em cerca de duas mil pessoas pela polícia, foi para a frente do Palácio Piratini, sede do Executivo gaúcho, que fica ao lado da Assembleia. Na rua, eles protestaram mais uma vez contra Sartori e o parcelamento.
O governo gaúcho já tinha parcelado os salários no mês passado, o que provocou uma greve geral de três dias. Uma das justificativas dos servidores para prolongar a paralisação desta vez é o agravamento da crise. Enquanto em julho a primeira parcela do salário paga ao funcionalismo foi de R$ 2.150, em agosto o valor baixou para R$ 600.
A previsão do Piratini é de que sejam depositadas mais três parcelas até o dia 22 para completar a totalidade da folha salarial do funcionalismo. Sem recursos, o governo gaúcho também atrasou o pagamento da dívida com a União, que, em represália, bloqueou as contas do Estado até que o montante devido seja quitado..