O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), anunciou na quinta-feira, que a presidente Dilma Rousseff colocará em prática a partir desta sexta-feira, uma reforma administrativa que tem por objetivo cortar gastos e dar mais eficiência à gestão. A medida atende às exigências do Congresso, comandado pelo PMDB, de somente negociar o aumento da carga tributária após o Planalto enxugar a máquina pública.
Leia Mais
Redução de ministérios não atrapalha relações do governo com base, diz RossettoRenan elogia corte de ministérios, mas diz que medida poderia ter ocorrido antesDecisão do Planalto de cortar ministérios cria nova turbulência na basePMDB recusa indicar novos ministros e quer adiar corte de ministériosCorte de ministérios deve ser anunciado até quarta-feiraViagem de Temer adia decisão de quais ministérios serão cortados pela presidente Após rebaixamento, Dilma e Mercadante atuam na articulaçãoA reforma foi tratada na reunião de coordenação convocada de forma emergencial pela presidente um dia após a agência de classificação de risco Standard & Poor’s ter retirado o grau de investimento do Brasil. Dilma pediu unidade ao governo e determinou agilidade nos anúncios das medidas.
Delcídio não informou quais pastas entrarão na reforma nem quais cargos serão cortados, mas reconheceu que a iniciativa tenta contemplar a cúpula do PMDB no Congresso, que não aceita dividir com o Executivo o desgaste da defesa da elevação de impostos. "Primeiro, serão as medidas relativas à prestação de serviços, que vão desde terceirização, contratação de transporte, despesas básicas que pautam o dia a dia de todos os ministérios e também a reestruturação de ministérios. Aí, vêm as outras medidas na semana que vem, que são as medidas de fundo." Esse processo, afirmou, deve gerar mais desgaste com aliados. "Ela já tem um desenho. Claro que ela está discutindo porque essas mudanças têm reflexos políticos também."
Um ministro que participou da reunião disse que o governo precisa "tomar medidas de caráter emergencial" para uma "política de austeridade fiscal".
Nos últimos dias, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rejeitaram qualquer tipo de aumento de tributo. "Não cabe ao Congresso promover o debate sobre a criação de impostos. Isso tem de partir do Executivo", reiterou Renan ontem. O presidente do Senado disse ser fundamental cortar gastos e reduzir ministérios. "São medidas emblemáticas. O governo precisa mostrar que está cortando na própria carne." Para Renan, as hipóteses de criação ou reajuste de impostos só devem ocorrer por insuficiência no corte de gastos.
Líderes do PMDB no Congresso não aceitam discutir aumento de tributo sem uma sinalização de enxugamento da máquina. Mas, apesar das cobranças, setores da coalizão governista não querem perder cargos recém-conquistados.
CPMF
Mesmo criticado, o governo não desistiu de promover a volta da CPMF.
Entre as propostas mais avançadas para promover a reforma administrativa estão a aglutinação de repartições públicas e programas que estão espalhados em vários ministérios. É o caso, por exemplo, das agências de exportações (Apex) e desenvolvimento industrial (ABDI).
Como ambas são subordinadas ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e têm funções similares, podem ser fundidas, o que resultaria em corte de pessoal comissionado. A Apex promove produtos brasileiros no exterior e atrai investimentos estrangeiros e a ABDI auxilia na execução da política industrial no exterior.
No caso dos programas sociais, o alvo é o seguro-defeso, benefício pago a pescadores artesanais nos períodos em que é proibida a atividade pesqueira. Apelidado de "bolsa pesca", o benefício já foi investigado por causa de irregularidades. Segundo o governo, o cadastro do seguro-defeso é considerado completamente desorganizado e descontrolado. Uma completa reestrutura será feita nesse programa.
.