O Ministério Público de São Paulo requereu à Justiça na quinta-feira, a dissolução de nove grupos empresariais do setor metroferroviário por suposta formação de cartel em contratos de manutenção de 88 trens das séries 2000, 2100 e 3000 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), firmados em outubro e novembro de 2007 (governo José Serra, do PSDB) e com aditamentos em 2011 e 2012 (governo Geraldo Alckmin, também do PSDB).
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Justiça não encontra, na Alemanha, réu do cartel de trens de SPEmpresa de delator da Lava-Jato foi subcontratada em esquema de cartel dos trensPT pede delação premiada no cartel dos trensTJ manda juiz aceitar denúncia contra cartel dos trens em SPA Promotoria pede à Justiça que decrete a nulidade dos três procedimentos de licitação da CPTM que resultaram nos contratos com as empresas. Nenhum dirigente da CPTM ou agentes das gestões Serra e Alckmin são mencionados na ação.
A ação praticamente anula a possibilidade de eventuais acordos das empresas com o Ministério Público de São Paulo. Negociações estavam em curso, mas a ação proposta na quinta-feira, se recebida pela Justiça, coloca as companhias na condição de rés.
O cartel metroferroviário de São Paulo foi revelado pela Siemens, em acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão antitruste do governo federal, em 2013. A alemã admitiu conluio em contratos da CPTM e do Metrô, de 1998 a 2008 (governos Mário Covas, Serra e Alckmin, todos do PSDB).
O argumento central para o pedido de dissolução dos grupos empresariais é que eles não teriam atuado de acordo com suas próprias constituições, "formando cartel para fraudar licitações". "Está bastante claro que as empresas, por intermédio de seus representantes, adotaram procedimento que inviabiliza sua própria existência. A finalidade lícita é pressuposto para o seu reconhecimento como entidade moral dotada de capacidade na órbita civil", afirmam os promotores Marcelo Milani, Nelson Luís Sampaio de Andrade, Daniele Volpato Sordi de Carvalho Campos e Otávio Ferreira Garcia.
Defesas
A CPTM não se manifestou na quinta-feira. A CAF informou que não comentará o assunto. A Alstom afirmou que apresentará sua defesa "às autoridades, reafirmando o cumprimento de seus negócios à legislação brasileira".