O governo passou os últimos dias contando os votos que tem no Congresso para barrar a tramitação de um possível processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A maior preocupação do Palácio do Planalto, agora, é com a deterioração do relacionamento com o vice-presidente Michel Temer, que comanda o PMDB, e com a bancada do partido.
Leia Mais
Pedido de impeachment de Dilma será reapresentado até quinta por fundador do PT Cunha pede para Bicudo refazer pedido de impeachment até a próxima semanaCid Gomes não concorda com pedido de impeachment à DilmaPedido de impeachment da presidente Dilma será feito por dois juristasOposição espera resposta de Cunha sobre impeachment até a próxima semanaPesquisa mostra base e oposição com opiniões distintas sobre impeachmentNa linha de frente do monitoramento dos aliados, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o assessor especial da Presidência, Giles Azevedo, têm mantido conversas reservadas com deputados, senadores, empresários, governadores e também com advogados. Ainda ontem, antes do anúncio da nova tesourada no Orçamento, Mercadante fez outro mapeamento dos votos com os quais o governo pode contar na Câmara e no Senado. A situação mais dramática é na Câmara, onde o Planalto tem perto de 200 dos 513 votos, muito pouco diante do que precisa para frear eventual pedido de afastamento de Dilma.
No diagnóstico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da cúpula do PT, Dilma perdeu sua base social ao endurecer o ajuste fiscal e corre o risco de ter o mandato abreviado.
O roteiro discutido por deputados de oposição do PSDB, DEM, Solidariedade e PPS e por dissidentes da base aliada, entre os quais o PMDB, prevê que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rejeitará qualquer pedido de impeachment. A partir daí, porém, um deputado deverá apresentar recurso ao plenário da Casa.
Crise
Para piorar a situação, PMDB e PT estão em pé de guerra e uma rede de intrigas alimenta a crise política. Não são poucos os petistas que lembram, nos bastidores, que a Operação Lava Jato atingirá Temer e a cúpula do PMDB, envolvendo Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, e os senadores Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO), além de Cunha, que já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção e lavagem de dinheiro.
O vice está em Moscou com cinco ministros do PMDB. Kátia Abreu (PMDB), titular da Agricultura, e Jaques Wagner (PT), da Defesa, iriam se juntar à comitiva hoje, mas Dilma pediu que eles ficassem no Brasil. A explicação oficial foi a de que os dois precisam ajudar o governo a aprovar o pacote do corte de gastos e a reedição da CPMF no Congresso. A assessoria de Kátia informou, ainda, que ela torceu o pé. Mas, em conversas reservadas, auxiliares de Dilma admitiram que não era conveniente que os ministros mais próximos da presidente integrassem uma viagem "do PMDB".
.