A "paternidade" do dispositivo que oficializou as doações ocultas de campanhas gerou polêmica na terça-feira, entre os relatores da reforma política na Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Nenhum dos dois assume responsabilidade pela regra que põe fim à transparência no financiamento privado de campanhas.
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Presidente do TSE critica texto da Câmara que oficializa doação ocultaReforma política oficializa doação ocultaEssa não é uma prática nova. Até as eleições de 2014, muitas empresas se valiam de uma brecha na legislação para ocultar suas doações. No ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral vetou o "jeitinho", ao exigir a identificação dos doadores de recursos intermediados pelos partidos.
Na edição de segunda-feira, a reportagem informou, de forma equivocada, que o dispositivo que instituiu as doações ocultas foi inserido pela Câmara. Na verdade, ele já constava do texto aprovado pelo Senado, mas com uma diferença importante: valia apenas para doações de pessoas físicas, já que os senadores proibiram o financiamento empresarial. Ao derrubar essa proibição, posteriormente, a Câmara acabou fazendo com que as doações ocultas passassem a valer para as empresas.
"A regra que eu tinha feito era para pessoa física", disse Jucá.
Para Rodrigo Maia, "o Senado precisa assumir suas responsabilidades". "O texto da Câmara trata assim: só o partido político poderá receber doação de pessoa jurídica. O partido tem 72 horas para apresentar as empresas que doaram. E o Senado introduziu: ‘e não há necessidade de dizer quem doou ao partido quando essa doação chegar ao candidato’."
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