Brasília, 15 - Após reunião com a presidente Dilma Rousseff e com ministros, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou que o governo foi alertado pelos integrantes da base aliada das dificuldades de aprovar no Congresso medidas impopulares como a volta da CPMF.
"Quando o governo está bem, com uma base social forte, uma base parlamentar forte, já é difícil aprovar uma medida como essa, imagina num momento como este que estamos passando por algumas dificuldades. Mas vamos trabalhar e vamos ver", disse na saída do Palácio do Planalto.
Segundo o líder petista, a aprovação da recriação da CPMF proposta pelo governo vai demandar "um esforço muito grande" e, provavelmente, o projeto sofrerá mudanças durante a tramitação no Congresso. "Colocamos as dificuldades que há para que algumas propostas sejam aprovadas, especialmente na Câmara, e por se tratarem algumas delas de Propostas de Emenda Constitucional", disse, acrescentando que os parlamentares seguirão negociando com o governo.
Costa disse que, na reunião, defendeu que o governo deveria tentar investir em soluções alternativas a "essas medidas mais duras". Ele sugeriu, por exemplo, que a aprovação do projeto de repatriação de recursos poderia trazer ao País um montante equivalente ao estimado com a recriação da CPMF, na ordem de R$ 32 bilhões.
"Esta é uma posição que eu particularmente defendo, que nós deveríamos aprovar o repatriamento, esperar que esses resultados fossem do nosso conhecimento. O repatriamento deveria ser o nosso plano A", disse. "Outros se manifestaram de maneira diferente, dizendo que não dá pra esperar (pela aprovação da CPMF) porque a situação é difícil."
O líder do PT no Senado explicou que, no encontro com a presidente, não foi discutida a possibilidade de que a nova CPMF seja de 0,38% - e não de 0,20%, conforme a proposta que o governo apresentou. O aumento da alíquota permitiria que Estados e municípios ficassem com uma fatia da arrecadação, e o Planalto espera que os governadores se valham desta possibilidade para pressionar as bancadas no Congresso e, de quebra, diminuir as resistências ao retorno da CPMF.
"O que foi transmitido para nós é que os governadores, na discussão que tiveram com ela, (disseram que) dificilmente apoiariam a CPMF se não houvesse uma participação também dos governos estaduais (na arrecadação)", afirmou.
Apesar de reconhecer as dificuldades para implementação de algumas medidas, Humberto Costa disse que, entre as lideranças do Senado, houve sentimento de que foi positivo o governo ter "feito um movimento" ao apresentar o novo pacote de ajuste fiscal. Ele também elogiou o fato de não ter havido "cortes importantes" em gastos sociais.
Além de Costa, outros nove líderes da base aliada no Senado participaram do encontro com Dilma no Palácio do Planalto. Pela manhã, a presidente se reuniu com lideranças da Câmara dos Deputados.