Brasília – Os juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior terão encontro esta semana em São Paulo para dar uma nova redação ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff protocolado pelo fundador do PT no início de setembro. Inicialmente, a ideia do movimento pró-impeachment organizado pela oposição na Câmara era fazer um aditamento ao pedido de Bicudo acrescentando argumentos de um parecer elaborado por Reale Júnior, ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso. Os dois juristas iriam à Câmara amanhã, para protocolar o aditamento.
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Bicudo e Reale Júnior terão encontro para nova redação de pedido de impeachmentPesquisa mostra base e oposição com opiniões distintas sobre impeachmentPlanalto mapeia votos para barrar impeachmentCunha recebe pedido de impeachment de DilmaBicudo rebate Dilma e diz que impeachment 'não é golpismo'Dilma classifica de 'versão moderna de golpe' proposta de impeachmentGovernadores têm nova reunião para tratar da aliquota da CPMFEm seu requerimento, Bicudo cita as pedaladas fiscais, a Operação Lava-Jato e a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras, para afirmar que Dilma cometeu crime de responsabilidade. O jurista também lembra que o vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) apuração sobre eventuais crimes eleitorais.
O principal ponto do parecer de Reale Junior também é a manobra de atraso de repasses do Tesouro Nacional aos bancos federais para o pagamento de benefícios sociais, as chamadas pedaladas fiscais. A expectativa dos parlamentares da oposição é de que Cunha indefira o requerimento para evitar novo desgaste pessoal com o Planalto. Diante da recusa, parlamentares apresentariam recurso ao plenário que, com maioria simples – metade mais um dos deputados presentes –, aprovaria a abertura do processo na Casa.
Na sessão de ontem da Câmara, parlamentares da oposição apresentaram um pedido para que Cunha defina claramente qual o protocolo do processo de impeachment, pois há dúvidas quanto às regras do roteiro a ser seguido para que o impedimento seja levado adiante.
Manifesto
Cinco dias após os principais partidos de oposição lançarem um movimento pelo impeachment, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que o governo vai fazer “tudo para impedir que processos não democráticos cresçam e se fortaleçam”.
Momentos antes da cerimônia para entrega do Prêmio Jovem Cientista, Dilma recebeu presidentes de partidos aliados e líderes da base na Câmara, dos quais recebeu um manifesto em apoio a seu mandato. O objetivo do encontro era que Dilma pedisse apoio dos parlamentares ao pacote de ajuste fiscal, com cortes de R$ 26 bilhões mais aumento e criação de impostos.
No manifesto, os aliados afirmam que o cumprimento do mandato de Dilma é sinal de respeito ao voto popular e lamentam que “forças políticas radicais” vêm se dedicando a contestar o mandato da petista. O documento ressalta que o principal entrave ao reequilíbrio das contas públicas é o clima político deteriorado, gerado pelo que chamam de golpismo. O texto foi assinado por representantes do PT, PMDB, PSD, Pros, PP e PCdoB. À tarde, as 10 lideranças do Senado, que se reuniram com a presidente Dilma e com quatro ministros, também assinaram o manifesto em defesa do governo federal.
Viagem cancelada
Dois ministros do governo de Dilma Rousseff cancelaram ontem a viagem que fariam ao lado do vice-presidente da República, Michel Temer, a Moscou, na Rússia.