Brasília – Delator da Operação Lava-Jato, o lobista Julio Camargo afirma que bancou gastos de R$ 2 milhões do ex-ministro José Dirceu com voos em jatinho pelo país. Os custos dos voos, disse o delator, eram abatidos de uma soma de propina que o ex-ministro recebia com origem na Petrobras. Dirceu virou réu em ação ligada à Lava-Jato na terça-feira, assim como Camargo. Os depoimentos do delator ajudaram a embasar a denúncia.
Leia Mais
Empreiteiro diz que Dirceu pediu doação para campanha do filhoIrmão de Dirceu devolveu propina, diz Lava JatoDirceu, Vaccari e outros 13 viram réus na Operação Lava-JatoSTJ nega habeas corpus a José DirceuDefesa de Dirceu pede a Moro que rejeite denúncia e chama 15 testemunhas'Tudo foi originado na Casa Civil do governo Lula', afirma procuradorJustiça nega habeas corpus e mantém José Dirceu na prisãoCamargo acrescentou que costumava “anotar” os voos realizados por Dirceu para depois cobrar os custos de viagem. Ele entregou uma planilha com dados de viagens feitas entre 2010 e 2011. Entre os destinos estão aeroportos em Minas, Paraná e Bahia.
O relato do delator afirma que fez pagamento ao irmão do ex-ministro, Luiz Eduardo, e a uma empresa indicada por ele. O depoimento foi prestado no último dia 31 e foi anexado ao processo em que Dirceu é réu.
Contrato Também no depoimento, o delator relatou que se reuniu em sua casa com Dirceu e um representante da empreiteira Camargo Corrêa para discutir um contrato na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Ele afirmou que soube de maneira informal que “o assunto” entre a empresa e o ex-ministro acabou “resolvido” entre as duas partes.
No processo em que Dirceu virou réu, a única empreiteira que teve representantes denunciados foi a Engevix. A reportagem não conseguiu localizar os advogados de Dirceu para comentar o assunto. Na terça, o criminalista Roberto Podval, que defende o ex-ministro, disse que iria apresentar a defesa em 10 dias..