Brasília, 18 - O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu um inquérito para investigar suposto envolvimento do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) na Operação Lava Jato. O pedido de abertura do inquérito, feito pela Procuradoria-Geral da República, chegou ao gabinete do ministro Teori Zavascki, relator dos casos envolvendo o esquema de corrupção na Petrobras na Corte, que autorizou o início da apuração. Na quarta-feira, 16, Zavascki encaminhou todo o material relativo ao parlamentar para a Polícia Federal, que junto com a PGR é responsável por realizar as medidas de investigações do deputado.
Delgado foi mencionado pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, em delação premiada, segundo revelou a revista Veja. Nos depoimentos, o empreiteiro entregou uma planilha com repasses de propina que a empresa teria feito a campanhas e partidos políticos, na qual consta que Delgado foi destinatário de R$ 150 mil.
O conteúdo do pedido de investigação feito pela PGR é mantido em sigilo no STF. Delgado é o segundo político do PSB investigado na Lava Jato perante o Supremo. Além dele, o senador Fernando Bezerra (PE) é alvo de um inquérito desde março.
No total, 62 pessoas - incluindo parlamentares com mandato e um ministro de Estado - já são investigados perante o STF e o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Há ainda investigações já abertas pelo Supremo que permanecem ocultas no sistema do Tribunal, sem divulgação de nome dos investigados. A maioria dos casos sigilosos tem como base a delação de Ricardo Pessoa, mantida em segredo de justiça.
O deputado do PSB disse não ter sido notificado ainda a respeito da investigação.
De acordo com reportagem da Veja, o deputado mineiro teria recebido doações da UTC para barrar a convocação do dono da empresa, Ricardo Pessoa, na CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados. Delgado afirma que apresentou requerimento de Pessoa no primeiro dia de instalação da CPI e que o empreiteiro se manteve em silêncio diante dos questionamentos. "O empresário calou-se, respondendo com seu silêncio", disse Delgado..