Jornal Estado de Minas

PEC barra eleição para presidente, governador e prefeito para quem já ocupou esses cargos

Brasília - Uma proposta de emenda à Constituição capitaneada pelo PTB proíbe a candidatura a governador, prefeito e presidente da República de políticos que já tenham ocupado esses cargos. A PEC 125/15 impossibilitaria, por exemplo, uma nova eleição de Luiz Inácio Lula da Silva e de Fernando Henrique Cardoso à Presidência. Também teriam as portas fechadas para tentar voltar ao comando dos Executivos estaduais nomes como Sérgio Cabral (RJ), José Serra (SP), Aécio Neves (MG), Tarso Genro (RS) e Roseana Sarney (MA), entre outros. O texto foi apresentado pela presidente nacional do PTB, deputada Cristiane Brasil (RJ), no dia 9 e será discutido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O texto mantém a reeleição, desde que em período continuado.

Na apresentação da proposta, a PEC alcançou 179 assinaturas, mais do que as 171 necessárias. Entre os signatários, quatro são parlamentares do PT, sendo que um deles, o deputado José Geraldo (PT-PA), retirou o nome. Ele afirmou que assinou sem perceber o conteúdo e mudou de ideia após repercussão negativa de petistas nas redes sociais. Para ele, o objetivo da proposta é atingir o ex-presidente.
“É uma tentativa de golpe da oposição. Eles sabem que nome forte no partido é o Lula”, afirmou. O parlamentar acredita que os outros três petistas também vão voltar atrás.

Em 28 de agosto, o ex-presidente se declarou de forma direta como potencial candidato da legenda ao Palácio do Planalto em 2018. “Se for necessário, eu vou para a disputa e vou trabalhar para que a oposição não ganhe as eleições”, disse. Na ocasião, Lula disse que esperava a candidatura de outras pessoas da sigla, mas que o objetivo principal era evitar uma vitória da oposição.

De acordo com Cristiane Brasil, filha do delator do mensalão, Roberto Jefferson, o objetivo é evitar vícios da falta de renovação no poder. “Quando tem reeleição já é ruim. Só tem conchavo.
O projeto político se esgota”, afirma. Segundo a parlamentar, a coleta de assinatura começou há cerca de um mês e o texto tem como referência o modelo adotado pelos Estados Unidos. “O Brasil tem que parar de ter salvador da pátria”, acrescentou. Ela não acredita que a proposta inviabilize uma carreira política, uma vez que não se aplica a cargos do Legislativo.

‘NÃO VAI A LUGAR NENHUM’

Líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) minimizou a iniciativa. “Essa é uma PEC que não vai a lugar nenhum”, afirmou. O texto precisa ser aprovado na CCJ. De lá, segue para uma comissão especial, cuja criação depende do presidente da Casa, Eduardo Cunha. O colegiado tem o prazo de até 40 sessões plenárias para apreciar um relatório sobre o assunto.
Se aprovada novamente, a proposta vai para o plenário, onde precisa de dois terços dos votos para passar. Caso isso ocorra, segue para o Senado. Durante a discussão da reforma política, a Câmara aprovou, em maio, uma PEC que acaba com a reeleição seguida nos cargos executivos. O texto aguarda votação no Senado..