Brasília, 22 - A ex-gerente da área de abastecimento da Petrobras Venina Velosa admitiu nesta terça-feira que o plano de antecipação da refinaria de Abreu e Lima foi feito por ela, mas a mando do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Por ter assinado o documento, Venina é apontada como uma das responsáveis pelo sobrepreço verificado nas obras do empreendimento.
"O plano de antecipação da refinaria foi uma solicitação de Costa, a quem eu era subordinada. Mas o plano foi aprovado pela diretoria colegiada e pelo Conselho de Administração da Petrobras. Minha responsabilidade foi fazer o documento de encaminhamento", argumentou, em depoimento à CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados.
Segundo ela, a sua assinatura nos documentos diria respeito apenas à sua área de atuação, e não às atividades de outras áreas da empresa. "Meu papel era falar do orçamento, se aquele gasto estava previsto no plano de investimento e como estava a viabilidade econômica do projeto. O plano de compras não era minha atribuição", afirmou, em resposta a questionamentos do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).
Venina alegou ainda que, após a comissão de apuração da Petrobras ter apontado esses problemas na sua atuação com relação à refinaria de Abreu e Lima, não houve uma comissão de sindicância para que ela pudesse fazer um contraponto às acusações, conforme estabelece a governança da Petrobras. "Nem eu nem os outros citados fomos ouvidos pela empresa", enfatizou.
Perguntada ainda se tinha conhecimento do cartel que atuava nos contratos de obras da Petrobras, a ex-gerente disse não ter tido nenhum relacionamento com empreiteiras, uma vez que seu trabalho era interno. Segundo ela, teria tido conhecimento da existência do cartel por um relato do ex-gerente jurídico da companhia, Fernando de Castro Sá. "Não tenho provas com relação a isso, porque não lidava com a contratação de projetos", respondeu.
Ela disse ainda sentir uma "frustração muito grande" com o esquema de corrupção na Petrobras, principalmente com a atuação de Costa. Ela negou, no entanto, que a corrupção na estatal seja uma prática institucionalizada. "Foi com muita surpresa e decepção que vimos o que esse diretor fazia. Um técnico ter se transformado em um diretor corrupto não quer dizer que 40 mil técnicos da empresa são corruptos. O grupo técnico da Petrobras merece respeito. Se algumas pessoas agiram de forma errada, elas devem ser punidas", completou.