Rio, 22 - O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse nesta terça-feira, 22, que as bancadas do partido na Câmara e no Senado indicarão nomes para o novo ministério da presidente Dilma Rousseff, que pretende anunciar uma reforma administrativa nos próximos dias. Na segunda-feira, 21, o vice-presidente Michel Temer e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do Senado, Renan Calheiros (AL), todos do PMDB, se negaram a fazer indicações para o primeiro escalão.
Pezão disse que a recusa dos principais líderes do partido não significou mais um passo para o rompimento do PMDB com o governo. "Não entendi assim. As bancadas é que vão fazer as indicações. O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, está ouvindo a bancada. Se a presidenta pedir indicação, haverá indicação", afirmou Pezão, que se reuniu com Dilma, em Brasília, na tarde de segunda-feira, 21.
"Se o PMDB achar que não deve indicar, tem que ajudar a governar, dar tranquilidade à presidenta Dilma de indicar quem ela quiser. Mas tenho certeza de que as bancadas na Câmara e no Senado vão indicar membros para os ministérios. A presidenta falou ontem para mim que queria que o PMDB participasse do governo. Ela vai diminuir o número de ministérios, fazer unificação de órgãos, juntar algumas pastas. Ela pediu muito que o PMDB ajudasse a participar dessa fase. Não estou no Congresso, mas minha visão é que o PMDB deva participar, porque quem ajudou a eleger tem que ajudar a governar, se ela pedir", insistiu Pezão, um dos governadores mais próximos da presidente.
O governador repetiu a tese de que o PMDB tem responsabilidade em garantir apoio ao governo. "Nós temos o vice-presidente, fomos para a rua, tomamos uma decisão em convenção nacional de apoiar essa chapa do Michel e da Dilma. O PMDB nunca fugiu da sua responsabilidade, desde (os ex-presidentes) Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, de dar sua participação. Ainda mais em um momento difícil como esse. As idas que tenho feito a Brasília são para ajudar na governabilidade", afirmou Pezão em entrevista, depois de entregar apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida, ao lado do ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
Defesa
Na solenidade de entrega das chaves, Pezão fez uma defesa veemente da presidente Dilma. "É um momento difícil do Brasil, mas a gente está trilhando o caminho para superar. É muito fácil criticar, apontar erros. Mas as pessoas só erram quando fazem. Se a presidenta gastou muito dinheiro com o Minha Casa Minha Vida, graças a Deus ela olhou para essas pessoas. Agradeço à presidenta Dilma por hoje estarmos entregando casas e fazendo a maior obra de saneamento da Baixada Fluminense", disse o governador, que renovou a promessa de campanha, feita ao lado de Dilma, de resolver o problema de falta de água na região até o fim de 2018. "Quero agradecer muito à presidenta Dilma, nada como ter um lar seguro. Isso aqui não é casa para pobre, é dignidade, é cidadania. Vejam se antes de entrar o (ex-presidente) Lula tinha casa para pobre", discursou Pezão.
O deputado federal Marcelo Matos (PDT) também saiu em defesa da presidente. "Quem quer tirar a presidenta Dilma, quem quer impeachment são os ricos. Os pobres sabem do compromisso da presidenta Dilma com eles, temos que defender a presidenta", disse Matos em discurso, pedindo aplausos de pé para Dilma. A plateia, formada por famílias que receberiam as chaves dos apartamentos aplaudiu, mas se dividiu na hora de ficar de pé.
Na porta do condomínio, moradores de um conjunto habitacional vizinho, que não pertence ao programa federal de habitação, cobrou que o asfalto - colocado na manhã de ontem, antes da solenidade - se estendesse além da área do Minha Casa Minha Vida e reclamou de falta de atenção do poder público. O prefeito Sandro Matos (PDT), vaiado e aplaudido, disse que o asfaltamento é feito com recursos federais, mas não faz parte do programa Minha Casa Minha Vida e que vai além dos limites do condomínio inaugurado nesta terça-feira.