Brasília - O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) terá de decidir se investigações consideradas "braços" da Operação Lava-Jato - sem conexão direta com o esquema de corrupção na Petrobras, mas descobertas a partir dele - devem ser conduzidas pelo ministro Teori Zavascki, na Corte, e pelo juiz Sérgio Moro, na Justiça Federal no Paraná, ou redistribuídos a outros magistrados. Os ministros da 2ª Turma do Supremo começaram a debater a questão, mas decidiram remeter o caso ao plenário com urgência devido à importância e repercussão para as investigações.
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Operação Lava-Jato prende lobista ligado ao PMDB e dono de empreiteiraDirceu, Vaccari e outros 13 viram réus na Operação Lava-JatoMoro manda para Supremo processos da EletronuclearMoro diz que naturalização da propina no Brasil é fato "extremamente assustador"Problema da corrupção é amplo e transcende questões partidárias, diz MoroSTF retira de Moro e de Teori Zavascki desdobramento da Lava-Jato"Isso está se alastrando como ondas. A rigor, tudo isso deveria ser objeto de novas cisões. Está acontecendo de ter novos inquéritos sobre matérias que só perifericamente dizem respeito àquele núcleo central sobre o qual nos debruçamos", afirmou Zavascki, sobre os desdobramentos da Operação.
Indícios encontrados contra a senadora Gleisi Hoffmann foram encaminhados em agosto por Moro ao STF, Tribunal competente por investigações criminais envolvendo parlamentares com mandato. Ao analisar o caso, Zavascki enviou o relatório para a presidência do Tribunal por entender que não há conexão entre os fatos investigados e as apurações sobre a Petrobras. O presidente do Tribunal, Ricardo Lewandowski, autorizou a redistribuição da petição, que foi enviada ao gabinete do ministro Dias Toffoli.
Na sessão da 2ª Turma, Toffoli disse entender que a delação premiada "não constitui critério de concentração de competência". "A competência para processar crimes relatados pelo delator dependerá do local em que (o crime) foi consumado", avaliou o ministro. A decisão afeta não só a distribuição do caso dentro do Supremo, como também na justiça de primeiro grau.
O relatório encaminhado ao Supremo indica que Gleisi seria beneficiária de valores que transitaram pelo "Fundo Consist" - empresa envolvida em desvios de empréstimos consignados no Ministério do Planejamento. Na mesma investigação, a PGR denunciou o ex-vereador do PT Alexandre Romano, o Chambinho - caso que deve ser desmembrado para a primeira instância.
Para Toffoli, seria "incongruente" o Supremo reconhecer que não há prevenção na Corte para que o caso de Gleisi fique com Zavascki, mas ao mesmo tempo encaminhar a Moro o trecho que envolve Romano. "Aqui não há essa conexão e lá há?", questionou o ministro. No entendimento de Toffoli, a denúncia contra o ex-vereador petista deve ser encaminhada à Seção Judiciária de São Paulo - Estado onde os crimes fora praticados. "Não pode se dizer que a justiça federal em um Estado é mais eficiente e correta do que de outro Estado", completou o ministro.
Zavascki manteve opinião de que não há conexão com a Lava Jato no caso.
Na manhã desta terça-feira, o ministro Marco Aurélio afirmou, ao ser questionado sobre distribuição de processos da Lava Jato, ser favorável à racionalização dos trabalhos. "A distribuição é algo democrático", disse. "Não devemos deixar nas costas de um único colega esse fardo, que é um fardo muito pesado", completou o ministro..